Tania dispara contra primeira-dama, prefeito, testemunhas e sobra até para o presidente da Câmara

A última audiência do processo disciplinar contra a vereadora Tania Aparecida Maion (Republicanos), realizada nesta quinta-feira (10), teve menos cara de defesa e mais cara de confronto. Após ouvir três testemunhas indicadas por ela, duas acabaram sendo dispensadas pela própria defesa.

Depois disso foi a vez da própria vereadora falar. E ela partiu para o ataque, mirando todos que cruzaram seu caminho político nesse episódio da Casa Lar. Confira os embates:

Tania x Andria

Chamou a secretária de Assistência Social, Andria Backes, de desrespeitosa. Disse que quando chegou ao gabinete dela após ser barrada na Casa Lar começou o “show de horrores”. Disse que foi muito desrespeitada pela primeira-dama. Questionou a alegação de que barrar a visita era proteção às crianças, apontando uma contradição:

“Se era pra proteger, por que depois foram em mais seis pessoas da Prefeitura para acompanhar a visita?”.

Tania x Testemunhas

Afirmou que muitas testemunhas da oitiva de terça-feira (8) “faltaram com a verdade”, inclusive a primeira-dama e a Procuradora Geral Luana. Reafirmou que falta preparo para quem trabalha na Casa Lar.

“Testemunhas que falaram aqui não tem amor no coração e como vão cuidar de crianças?”

Disse que as críticas a seu comportamento foram motivadas por incômodo político e não por real preocupação com o acolhimento. Ainda denunciou a falta de nutricionista no local, bem como a precariedade da estrutura:

“Detectei as falhas, falei na tribuna, fiz requerimento, demoraram pra responder, refiz e a resposta não veio a contento. A Casa Lar não tem os acessórios de segurança. É um lugar feio, inóspito”.

Tania x Backes

Lembrou que na discussão que teve com a secretária Andria Backes, lembrou que tentou por três vezes se reunir com o prefeito Adriano e nunca foi atendida. Sugeriu que a denúncia formalizada por ele foi motivada apenas por sua fala na tribuna e classificou a reação como uma tentativa de intimidação:

“Fui fiscalizar e estou sendo penalizada. Eu deveria estar dando continuidade e acompanhar pra ver se algo foi resolvido, mas desde abril parei de fiscalizar”.

Tania x Gordinho

O vereador Gordinho do Suco, membro da Comissão de Ética, não conseguiu esconder o seu rancor com algumas atitudes recentes da vereadora. Durante a oitiva ele perguntou por que a vereadora teria ido ao seu gabinete no dia de ontem (09) e ameaçado seu assessor. A pergunta foi indeferida, mas criou aquele climão.

Depois, Gordinho questionou em tom provocativo sobre o fato de Tania não ser vacinada contra a covid e ainda assim ter ido à Casa Lar. Apesar de novamente poder ter sido indeferida a questão por fugir do tema, Tania quis responder e contra-atacou:

“O que você entende de saúde? Qual sua formação?”

A vereadora ainda reclamou que durante todo esse tempo nenhum outro vereador a procurou para saber a sua versão sobre o caso da visita à Casa Lar.

Tania x Valdirzinho

Sobrou até para o presidente da Câmara, Valdir Sachser. Tania criticou e ironizou o fato de ele, no mesmo horário das primeiras oitivas, ter falado em entrevista ao jornal O Presente que havia harmonia na Câmara e entre os poderes, além de independência:

“Isso é harmonia? Oito testemunhas do prefeito aqui falando contra mim. Fui fiscalizar e hoje estou sendo penalizada. Cadê a independência?”

Últimos passos

Encerradas as oitivas, a defesa tem agora cinco dias para apresentar as alegações finais. Depois disso, o Conselho de Ética terá a possibilidade de seguir por três caminhos:

• Arquivamento do caso;
• Instauração de Comissão Processante (com possibilidade de cassação do mandato);
• Aplicação de penalidade: advertência ou suspensão de até 30 dias.

Opinião: pura guerra de egos

Com todas as oitivas encerradas, o que parecia um processo por quebra de decoro se revelou, no fundo, um jogo de vaidades e ressentimentos pessoais. Tania errou na forma da abordagem, típica pra quem a conhece, mas nenhum testemunho conseguiu provar que ela tenha causado dano à Casa Lar ou às crianças.

A denúncia só surgiu depois do discurso dela na tribuna — e a própria primeira-dama admitiu que o incômodo real foi esse. Fiscalizar virou crime? Questionar virou afronta?

O processo agora caminha para seu desfecho, mas o que fica evidente é que não se trata de uma questão ética, e sim, estritamente política e de vaidades.

Relembre o caso

28 de abril: A vereadora Tania Maion usou a tribuna da Câmara para denunciar tratamento desrespeitoso ao fiscalizar a Casa Lar na semana anterior e declarou que seguirá “fora do molde da velha política”;

05 de maio: O prefeito Adriano Backes encaminhou ofício à Câmara pedindo apuração por possível quebra de decoro da vereadora Tania na visista à Casa Lar;

05 de maio: Na mesma sessão, Tania Maion reagiu com discurso inflamado, acusações de perseguição e críticas diretas ao Executivo e a colegas vereadores;

02 de junho: A defesa da vereadora Tania apresentou sua versão dos fatos, apontando vícios e pedindo a suspeição do presidente do Conselho de Ética;

27 de junho: O Conselho de Ética decide pela ratificação e recebimento da denúncia feita pelo prefeito;

30 de junho: O Conselho de Ética marca as oitivas das testemunhas para os dia 8 e 10 de julho.

08 de julho: Oito testemunhas são ouvidas sobre o caso da visita à Casa Lar.

10 de julho: Três testemunhas da defesa foram ouvidas, duas foram dispensadas. Tania Maion foi a última a ser ouvida.