O plenário da Câmara de Marechal Cândido Rondon virou palco de um episódio tenso nesta segunda-feira (05). Tudo começou com a leitura de um ofício assinado pelo prefeito Adriano Backes (PP), onde o chefe do Executivo apresenta um relato detalhado sobre a polêmica visita da vereadora Tania Aparecida Maion (Republicanos) à Casa Lar e pede que a presidência da Casa avalie possível quebra de decoro parlamentar, ou seja, insinua possibilidade de cassação do seu mandato.
Tania na contramão da base
Desde o início da legislatura, Tania Aparecida tem seguido um caminho próprio — e cada vez mais solitário. Em várias votações e posicionamentos públicos, sua postura destoa do grupo político pelo qual se elegeu e tenta impor uma posição exclusivamente ideológica.
Inclusive, na sessão desta segunda, o vereador Iloir Padeiro (PL) não a poupou: lembrou à colega que ela tem optado por andar “fora do coletivo“, reforçando a percepção de que o isolamento da vereadora não é mais uma impressão, é um fato consumado. Isso que Padeiro é declaradamente a favor da mesma pauta ideológica de Tania, ou seja, contra a obrigatoriedade da vacina em crianças.
O episódio da Casa Lar, que gerou o ofício do prefeito, seria apenas mais um episódio em que a vereadora parece apostar no embate, mesmo que isso signifique romper com todos os lados.
No documento, o prefeito Backes afirma que a vereadora adentrou a instituição sem autorização, contrariando normas internas e realizando filmagens proibidas. O texto, técnico mas incisivo, pontua que a ação de Tania ultrapassou os limites da fiscalização e colocou em risco a integridade institucional de um espaço voltado à proteção de crianças e adolescentes.
Ofício lido, guerra declarada
Assim que o ofício foi lido e o presidente Valdirzinho declarou o intervalo regimental, Tania prostrou-se à frente da mesa diretiva, protestando. Logo depois, subiu à tribuna com os olhos faiscando.
Em tom inflamado, fez referências bíblicas, se disse perseguida por ser “ponto fora da curva” e acusou o Executivo de distorcer os fatos. Não faltaram adjetivos: chamou de “vergonhosa” a postura da primeira-dama Andria Backes e sugeriu que a entrega do ofício foi orquestrada de última hora para atrapalhar sua defesa. “Nunca imaginei que um poder público pudesse descer tão baixo”, disparou — sem se preocupar com pontes queimadas.
Mais uma vez, optou pelo embate. Ao invés de buscar respaldo entre os pares ou dialogar dentro das instâncias internas, preferiu o discurso de vítima cercada por lobos — uma narrativa que, no entanto, já começa a perder força até entre os aliados que lhe restam.
Tribuna lotada, estratégia ensaiada?
Como se não bastasse o conteúdo da fala, Tania Aparecida [ também apontou o dedo para os próprios colegas, insinuando que os outros 11 vereadores inscritos na tribuna teriam feito isso para reduzir seu tempo de fala.
O Regimento Interno limita o uso coletivo da tribuna a 90 minutos. Com todos inscritos, cada um teve cerca de sete minutos. Para Tania, isso foi armação. Para o plenário, foi só mais uma acusação jogada ao vento — e que não colou.
O rigor institucional e o palco político
A resposta do prefeito, embora dura, soa como tentativa de recolocar limites num cenário onde o mandato parlamentar não pode ser confundido com passe livre. O governo defende que o regimento da Casa Lar existe para proteger quem está acolhido ali — não para impedir fiscalização, mas para que ela seja feita com responsabilidade.
Enquanto isso, Tania transforma a tribuna num altar de indignações. Grita, acusa, cita Maquiavel e sai ovacionada poruma galera cega, ao passo que vai se afastando dos próprios colegas que, um a um, já não disfarçam mais o incômodo.
O episódio não é apenas sobre Casa Lar ou regimento. É sobre convivência política, responsabilidade institucional e os limites entre a fiscalização legítima e o espetáculo pessoal.
E se Tania pretendia usar a crise para se projetar como nome forte da base, talvez seja hora de rever a estratégia. Porque, neste momento, parece estar falando sozinha. E cada vez mais alto.
Como seria interessante fazer a matéria sem um lado político, sim, sem dar privilégio à parte alguma. Quem faz notícias deve ser totalmente imparcial. (Parece a Globo)….