No meio da tempestade gerada pela posição da nutricionista da Prefeitura nas escolas de Marechal Cândido Rondon, surge uma informação de bastidor que muda o tom da conversa – ou ao menos explica parte da estratégia da Prefeitura. O prefeito Adriano Backes teria assumido pessoalmente o compromisso de zerar as demandas de infraestrutura das escolas até o final do ano. E mais: teria pedido aos diretores que não organizassem mais festas para arrecadação de dinheiro e focassem no ensino.
Segundo apurado pelo Blog, ainda em janeiro e fevereiro, Backes teria visitado todas as escolas da rede municipal, solicitando uma lista com os principais problemas estruturais de cada uma – de telhado furado a parquinho quebrado. E prometeu:
“Esse ônus é da Prefeitura. Vocês não vão precisar mais arrecadar com promoções da APMF e rifas para cobrir essas despesas”.
O peso invisível das festas
Além disso, há um segundo ponto sensível: o desgaste emocional e profissional dos professores. “Toda hora tem bingo, rifa, festinha, ensaio… e tudo no contraturno. Isso desgasta e tira o foco do professor daquilo que é essencial: ensinar”, pontuou uma fonte. O objetivo da Prefeitura, segundo esse relato, seria justamente desonerar os educadores dessas tarefas paralelas, para que se concentrem no que realmente importa – o ensino.
Crise da pipoca
E aqui entra a tal “crise da pipoca”. A medida da nutricionista Jaciara Reis de cumprir a lei à risca e proibir a venda de alimentos não saudáveis nas escolas não viria sozinha, mas como parte dessa nova política de “descomercialização” dos eventos escolares. “Pode ter festa, sim, mas sem arrecadação”, teria dito o prefeito.
Faltou combinar com os professores
A versão do prefeito, no entanto, não foi bem comunicada. Nem os professores, nem muitos servidores da Educação e muito menos os pais, sabiam dessa nova orientação. Resultado: a falta de diálogo transformou uma medida que poderia ser bem recebida (tirar das costas do professor o peso de organizar evento atrás de evento) em uma crise institucional.
Segundo a mesma fonte, o estopim do caos teria sido a diretora Mariely Genevro, da Escola Bento, e outros quatro diretores, que seriam críticos ferrenhos à gestão de Backes. Teriam, segundo o prefeito, “politizado” a questão.
Entre promessas e cobranças
Se o prefeito realmente cumprir o que prometeu, essa nova abordagem pode, sim, ser bem-vinda por professores e pais. Afinal, quem é pai ou mãe de aluno na rede pública sabe o quanto pesa no bolso a temporada interminável de rifas, cartelas, bingos, camisetas e eventos.
Mas fica o alerta: desonerar a escola das arrecadações precisa vir com a contrapartida real – e não só na promessa. E mais: nenhuma mudança funciona se for mal comunicada. Tanto é que a bomba acabou explodindo no colo da nutricionista.
Agora é aguardar. A lista das demandas está feita, a promessa está registrada.