Os recentes encontros políticos que aconteceram em Marechal Cândido Rondon se assemelham à recente guerra de números na Avenida Paulista, onde o tamanho da multidão se tornou o principal assunto da semana. Bolsonaristas falando em 850 mil pessoas e pesquisadores da USP afirmando que tinha 130 mil.

Quem acompanha os grupos políticos de Marechal Rondon pode acompanhar a mesma discussão por aqui nos últimos dias. Os eventos políticos mais parecem competições de quem enche mais o salão, ou melhor, de quem faz parecer que enche.

No CTG, a situação fez seu espetáculo no dia 16, com a esperança de uma multidão a aplaudir. Porém, as cadeiras vazias viraram as estrelas das redes sociais, um sinal de que talvez o público esteja mais interessado em outras programações. O público foi de 200 a 600, dependendo de quem contava.

Encontro dos partidos de situação no CTG no dia 16

Já a oposição, no Happy Day, optou por um cenário mais intimista, onde “casa lotada” se tornou o grito de guerra. O ex-vereador Josoé Pedralli no seu Portal Rondon arriscou: 400 pessoas. Mas teve um pequeno detalhe: uma placa apontando a capacidade de 250 pessoas no local, provocando um turbilhão de questionamentos.

Evento marcou a filiação de Arion Nasihgil no PL

Por fim, o PP tentou sua sorte em uma manhã de sábado, mas acabou apenas adicionando mais lenha na fogueira das narrativas. Falaram em 120 pessoas e a desculpa da vez foi que era um evento fechado do partido.

Evento do PP realizado neste sábado (23)

Enfim, cada evento se tornou numa nova oportunidade para praticar a arte da ironia nos grupos de WhatsApp, onde a contagem de cabeças se tornou quase uma modalidade esportiva.

Mas, vamos combinar, essa obsessão pela quantidade mais parece uma distração daquilo que realmente importa: as propostas, os projetos, o futuro da cidade. Será que não está na hora de mudar o foco? De deixar as cadeiras vazias e as salas lotadas de lado e prestar mais atenção no que está sendo tratado aqui?

Parece que em Marechal Cândido Rondon, como na Avenida Paulista, o verdadeiro espetáculo é a habilidade de cada um em criar sua própria versão dos fatos. Enquanto isso, o público, cada vez mais desinteressado nessas encenações, se afasta destes eventos. Os públicos não passam de um misto de seguidores fervorosos, alguns curiosos e os sempre presentes “infiltrados”.

No final das contas, talvez a maior ironia seja essa: em meio a tantas narrativas, o que realmente fica perdido é a essência da política, o debate de ideias e a busca por soluções reais para os problemas reais da população.

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