O alargamento das ruas Ceará e 12 de Outubro, em Marechal Cândido Rondon, ficou ótimo. Fluxo melhora, segurança viária agradece. Mas a conta estética e sobretudo a funcional ficou pendurada na porta dos moradores: calçadas e gramados destruídos, acessos às garagens rebaixados pela metade, terra solta, desníveis. Bonito de ver do volante; feio (e perigoso) de caminhar.

Na sessão de segunda-feira (27), o vereador Valdirzinho Sachser, presidente da Câmara, levantou o problema em pronunciamento contundente da tribuna. Foi duro: a empresa executa, destrói a calçada e… não reconstrói.

Valdirzinho disse que conversou com o secretário de Planejamento, que teria informado que apenas os acessos das garagens serão refeitos. E o resto? “Como é que fica?”, cobrou o vereador. Fica, pelo visto, para o morador bancar.

A obra termina no meio-fio

Não foi só na Câmara que houve queixas. Chegaram ao Blog relatos de moradores indignados com o descaso. Ninguém foi avisado de que o projeto de alargamento das ruas não contemplava a reconstrução das calçadas e que esta conta ficaria pros moradores.

Um morador falou de R$ 4,2 mil a R$ 6 mil para refazer a frente de sua casa. Teve idoso com enxada na mão tentando recolocar terra e nivelar o que a máquina tirou, pra pelo menos poder colocar e tirar o carro da garagem.

A cena se repete também na Dom João VI, onde alargamento anterior deixou sequelas parecidas.

A pergunta é simples: quem paga a conta do acabamento? Porque terminar via pública sem restituir o passeio? Isso é transformar obra pública em despesa particular.

Três pecados de gestão (e prevenção)

Projeto míope: entrega pista, contempla veículos e esquece do pedestre. Calçada não é adereço, faz parte da mobilidade.

Contrato permissivo: se o edital não obriga recomposição padronizada de passeios, nasce a zona cinzenta perfeita para “meia-solas” e jeitinhos.

Comunicação zero: sem aviso prévio, cronograma e plantão de dúvidas, sobra ruído e falta respeito com o morador.

A conta política do “depois a gente vê”

A pressa para inaugurar pista nova rende foto e legenda. Já a calçada torta rende tropeço, dor no joelho e raiva no contribuinte.

O governo que entrega pista e terceiriza passeio está assinando contra si próprio: desgasta relações de vizinhança, cria insegurança jurídica e abre espaço para requerimentos, pronunciamentos, postagens em redes sociais e, inevitavelmente, um desgaste desnecessário.

A Prefeitura ainda tem tempo de corrigir o problema. O alargamento ficou bom. Façam o acabamento ficar à altura. Não é favor. É dever.

One Reply to “Ficou bonito. O problema é sair de casa”

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