Hoje, 21 de agosto de 2025, completa-se uma década da morte de Cleiton Geovani Kurtz, o Willmutt. Difícil acreditar que já se passaram dez anos desde aquele trágico acidente em Goiás que interrompeu precocemente, aos 39 anos, a carreira do humorista rondonense que arrancava gargalhadas de multidões e que sempre fazia questão de carregar sua cidade natal no coração e nos palcos por este Brasil afora.
Uma estrada de risos e memórias
Tive o privilégio de caminhar ao lado dele por seis anos, nas estradas, nos palcos e nos bastidores. Fui assessor de imprensa, produtor e até assistente de palco, interpretado o personagem “Peludo, o piá do vizinho”.
Aliás, eu fui o “Peludo II”. Me antecedeu na função o comunicador Marcos Úmeres, o Marcão.
Viajávamos juntos para cada show, cada “SHOWSSASSO TO WILLMUTT”. Lembro bem do último em que estive presente: 8 de agosto de 2015, em Canoinhas (SC). Depois disso, compromissos profissionais me prenderam na região e, ironia do destino, não embarquei para a viagem que terminaria em tragédia.
O personagem que virou fenômeno
Willmutt não foi apenas um personagem. Ele nasceu de uma brincadeira entre amigos, em 2003, e se transformou em um fenômeno cultural.
Dos trotes telefônicos que viralizaram ainda nos tempos de Orkut e e-mail, às plateias lotadas em todo o Brasil, foram mais de 200 pegadinhas gravadas e 300 mil pessoas nos shows. Imagine se existisse WhatsApp naquele tempo.
Cleiton rapidamente saiu do anonimato. Depois de ter sido servente de pedreiro, carteiro, atendente de farmácia, funcionário da Pernambucanas ele se tornou referência nacional no humor popular, sempre com respeito e sem vulgaridade.

O maior artista rondonense dos palcos
Cleiton foi, sem exagero, o maior personagem artístico que Marechal Cândido Rondon já teve em termos de teatro. É verdade que outros nomes também tiveram destaque, como o cantor Walter Basso com o seu “Castelo de Sonhos”.
Mas, quando se fala em arte dos palcos, ninguém se compara ao impacto que Willmutt alcançou. Ele era o rosto e a voz de um humor que unia tradição, sotaque e identidade local, transformando a simplicidade em espetáculo.

Dos grandes teatros ao interior do Brasil
Apesar da maior parte de suas apresentações ter se concentrado no Sul do país, onde o sotaque e as variantes linguísticas tinham mais identificação imediata, Willmutt também levava seu humor para além das fronteiras.
Fez turnês no Mato Grosso, São Paulo e também no Paraguai, especialmente em colônias de imigrantes brasileiros, onde era recebido com entusiasmo. Estive com ele também em uma inesquecível viagem ao Piauí, que mostrou como seu humor atravessava sotaques e costumes.
Cleiton também esteve no palco de grandes casas de espetáculos, como o Teatro Guaíra, em Curitiba, e o Teatro Feevale, em Novo Hamburgo (RS), sempre com público lotado. Ao mesmo tempo, era presença requisitada em festas de municípios e em eventos corporativos, o que ampliava ainda mais a sua conexão com o público.

O sonho interrompido pelo teatro inacabado
Mas a lembrança de hoje também traz um gosto amargo.
Quem conviveu com Cleiton sabe do seu sonho de se apresentar no Teatro Municipal de Marechal Cândido Rondon. Um sonho que parecia próximo em 2010, quando a obra começou.
Quando ele nos deixou em 2015, o teatro já estava em obras havia cinco anos. Hoje, passados 15 anos de obra e 10 da sua morte, o espaço ainda não foi concluído.
A promessa de conclusão e a dívida com Willmutt
Agora, finalmente, fala-se em solução. O município corre atrás do último projeto, o da cenotécnica, para acessar R$ 5 milhões da Itaipu que prometem garantir a conclusão tão aguardado Teatro Hedio Strey.
Quem sabe, enfim, as cortinas se abram. Mas, nesse palco, sempre haverá uma ausência. E já naquele triste 15 de agosto de 2015 eu escrevia aqui no Blog: “Bixo buro bocó. A Linha Paxada chora a sua partida e creio que lamenta o valor que não lhe deu em vida.” Clique aqui para ver aquele artigo na íntegra.
Willmutt sonhava em pisar ali. E Marechal Cândido Rondon, mesmo que tarde, lhe deve essa homenagem: que o primeiro riso ecoado nas paredes do nosso teatro seja dedicado a ele.
Ouça alguns dos trotes do Willmutt
Trote do Willmutt na TIM:
Trote do Willmutt para casar o Nene:
Willmutt tenta comprar o sítio da Ana Maria Braga:
Trote no Willmutt em vendedor de colchões:
Willmutt trola golpista de cartão telefônico:
Trote do Willmutt no laboratório do Viagra:
Trilha de abertura do show: