Filiado ao PL e eleito pela oposição, o vereador Iloir de Lima, o Padeiro, vem mostrando que, na política, o forno pode até ser o mesmo, mas o recheio muda conforme a conveniência.

Na sessão desta segunda-feira (2), Padeiro subiu à tribuna e oficializou, sem cerimônia, aquilo que os bastidores já cochichavam: é ele que vai assumindo a linha de frente na defesa do governo Adriano Backes e Vanderlei Sauer. E não é uma defesa qualquer, é com gosto, com vontade, com discurso preparado e ataques à “herança maldita” do governo anterior.

Sua defesa mais veemente na noite de ontem foram as críticas feitas ao secretário Anderson Bento Maria, acusado há poucos dias pelo vereador Verde de exagerar no uso das diárias. Padeiro não apenas saiu em defesa do secretário, como trouxe na ponta da língua valores gastos com diárias na gestão passada — uma espécie de “se eles fizeram, por que Bento Maria não pode?”.

Foi além: fez questão de dizer que Anderson Bento Maria é “uma das melhores escolhas do prefeito”, destacando seu “comprometimento” por deixar família e negócios para servir Marechal Cândido Rondon. Um quase mártir do planejamento.

Até aí, tudo bem, se estivéssemos falando de um vereador da base. Mas não estamos. Padeiro foi eleito pela oposição, prometendo independência e fiscalização. Hoje, se alguém cair de paraquedas na Câmara, vai jurar que ele é o líder oficial do governo, mesmo sem o crachá.

Linha de frente

Curioso é que, mesmo sem ter sido eleito pela base do governo, foi o Padeiro que vestiu o avental e assumiu a linha de frente na defesa da gestão Backes e Sauer. Enquanto isso, boa parte dos vereadores que nasceram no berço político do ex-prefeito Marcio Rauber — outrora padrinho e agora desafeto de Adriano Backes — parecem pisar em ovos. O rompimento entre os dois deixou um vácuo de liderança e uma zona cinzenta de lealdades que parece ainda não estar bem resolvida.

Nesse cenário, Padeiro não apenas enxergou a oportunidade como se serviu dela com entusiasmo. Assumiu o papel que deveria ser de outros, talvez para mostrar serviço, talvez para garantir lugar cativo à mesa do novo grupo. Ele literalmente trocou o forno da periferia pela cozinha central do governo.

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