Se alguém ainda tinha dúvidas de que a educação municipal anda capengando, a sessão da Câmara desta segunda-feira (27) tratou de passar o conteúdo — com direito a exposição oral, apontamento de falhas e muita cobrança por parte dos vereadores.

A pauta oficial era a posse do novo secretário João Klein. Houve votos de sucesso e elogios ao novo titular, mas também teve um desfile de queixas e cutucões. Muitos dos vereadores que usaram a tribuna trouxeram relatos sobre o estado da rede de ensino: escolas com goteiras, crianças estudando em containers, professores desmotivados, salas improvisadas e estruturas colapsadas. A educação virou o principal personagem da noite — e não pelos melhores motivos.

O que disseram

Rafael Heinrich não economizou: lamentou que a escolha do novo secretário tenha ignorado os próprios profissionais da rede. “Nomear alguém de dentro seria uma forma de valorizar quem faz a educação acontecer todos os dias”, resumiu. Defendeu que os professores precisam ser ouvidos e valorizados. Reivindicou mais escuta ativa dos professores e listou desafios como alfabetização na idade certa e inclusão.

Fernando Nègre engrossou o coro, cobrando reconhecimento ao esforço de quem viabilizou o novo CEMEI do São Lucas — e criticou duramente o prefeito Adriano Backes e o secretário de Planejamento Anderson Bento Maria por sequer mencionarem o papel do deputado Elton Welter na conquista dos recursos. Para ele, faltou verdade, sobrou vaidade.

Juca colocou foco nos distritos, especialmente Margarida, onde a explosão populacional por conta das granjas exige ações rápidas. Reforçou a demanda por um CEMEI em Margarida devido à sobrecarga da atual estrutura escolar.

Mais ameno, o Coronel Welyngton disse que João recebe uma das maiores responsabilidades da gestão pública e destacou a necessidade de apoio à equipe pedagógica e aos professores.  Apresentou requerimento para melhorias na Escola Municipal Bento Munhoz da Rocha Neto e defendeu o fundo rotativo para autonomia financeira dos diretores escolares.

E onde entra João Klein nisso tudo?

Se João achou que assumir a Secretaria de Educação seria só ajeitar calendário escolar e cortar fita em CMEI novo, é melhor rever os planos. A lição inaugural veio da Câmara: tem goteira, tem container, tem salário congelado e, acima de tudo, tem uma rede inteira esperando atitude. João Klein esteve na sessão, mas não vale colar. Tem que fazer a lição de casa.

João assume a pasta com um passivo acumulado e com uma rede à flor da pele. Terá que ir muito além da boa vontade. Vai precisar escutar quem está na sala de aula, enfrentar a burocracia, intermediar desgastes com o Executivo e entregar resultado. Se der certo, pode fazer história. Se fracassar, será só mais um nome na longa lista dos que prometeram muito e realizaram pouco.

Por enquanto, a única certeza é que a educação está em alerta. E, diferentemente do boletim escolar, aqui não tem como esconder a nota vermelha.

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