A entrevista concedida pela secretária de Educação de Marechal Cândido Rondon, Maria Claudete Kozerski, ao jornal O Presente nesta quinta-feira (13), causou insatisfação em parcela dos professores da rede municipal.

Nos bastidores, muitos profissionais da educação estão manifestando descontentamento com a situação das escolas, apontando problemas como falta de professores, sobrecarga de trabalho e ausência de suporte da Secretaria.

Depois da entrevista, o Blog recebeu relatos de professores que reclamam da falta de apoio da Secretaria de Educação e da sobrecarga de trabalho. Os profissionais pediram para não serem identificados.

Falta de professores

Um dos principais problemas relatados é a escassez de professores em diversas escolas. Segundo os relatos, há turmas sem docentes e outras sendo atendidas por coordenadoras que precisam acumular funções, atuando também como professoras para cobrir as ausências.

“As coordenadoras da escola estão todo dia em sala de aula. Você não consegue nem apoiá-las, porque estão dando aula para suprir a falta de professores”, desabafou uma professora, acrescentando que não estão recebendo sequer o FG (Função Gratificada) como coordenadora. “Deveriam receber dobrado, pois estão fazendo papel de coordenação e ainda dando aula”.

Outro relato aponta que uma situação afeta diretamente a qualidade do ensino e o bem-estar dos profissionais. “Tem muitas aulas sem professor. As turmas estão superlotadas, com alunos com necessidades especiais sem apoio. Isso é condição de trabalho? Isso é valorização?”, reclamou outra.

A situação não se restringe a uma ou outra unidade. “No Criança Feliz faltam professores de Ciências, Inglês e Educação Ambiental. No Bento, são quatro turmas sem professor. O caos está instalado”.

Dificuldade no atendimento a alunos neurodivergentes

A falta de suporte para alunos com necessidades especiais também foi apontada como um problema grave. Professores relatando dificuldades em lidar com estudantes neurodivergentes sem o auxílio de profissionais especializados.

“Tenho um aluno autista sem medicação, que me agrediu. Não tenho apoio, ninguém aparece para ver a realidade da sala de aula”, afirmou uma professora, indignada com a falta de acompanhamento da Secretaria de Educação.

Outro profissional relatou a complexidade da rotina: “De manhã, aluno autista, grau 2 e 3, com PAE* itinerante. Quando o PAE está na outra sala, a professora está surtando, o aluno está causando caos, o professor não consegue dar aula. Isso é o olhar humano que essa mulher está falando?”.

*PAE: Sigla para Professor de Apoio Educacional, um profissional que auxilia alunos com necessidades especiais dentro da escola.

Críticas à gestão da Secretaria

Além da falta de professores e do suporte inadequado, a forma como a Secretaria tem sido gerida também foi alvo de críticas. “Estamos todos descontentes. Não só com a secretária, mas com outras pessoas lá dentro. Quem ainda conseguia fazer as coisas e foi tirado, e agora ficou aquele caos”.

Outro relato reforça a insatisfação: “Não consigo ver ela [a secretária] como o problema, não fez muita coisa, não sabe nada. Agora, seus braços diretos têm uma parcela de culpa. Estão lá por uma teta, mas não sabem como funciona”.

O desânimo entre os profissionais é evidente. “Não tem um dia que eu não olho para minha bolsa parada na mesa do professor e não tenho vontade de pegar tudo, sair e pedir a conta. Não aguento mais”.

O que diz a secretária?

Durante entrevista ao jornal O Presente, Maria Claudete Kozerski apresentou desafios e fragilidades no setor, mas afirmou que a gestão está buscando soluções, como novas contratações e planejamento para os próximos anos. Segundo ela, “o processo de convocação de professores é burocrático e algumas vagas abertas não foram preenchidas porque os profissionais não compareceram”.

Sobre os boatos de sua possível saída da Secretaria, Maria Claudete negou qualquer intenção de deixar o cargo e garantiu que seguirá com os projetos planejados.

Secretária Maria Claudete Kozerski em entrevista ao O Presente

Reação da comunidade escolar

Diante da repercussão negativa da entrevista, professores sugeriram que a categoria se manifestasse publicamente para clamar por mudanças. “Todos os professores deveriam aproveitar e comentar na matéria d’ O Presente . É ridículo o que está acontecendo na nossa cidade”.

One Reply to “Sem apoio e sobrecarregados, professores relatam desgaste na rede municipal”

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