O Tribunal de Justiça do Paraná acatou um recurso apresentado pela RPC e derrubou a liminar que proibia a veiculação de reportagens sobre o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Ademar Traiano (União). No final de semana passado, o G1, a RPC TV e o portal Plural noticiaram um caso em que Traiano foi gravado pedindo propina. Ele entrou na Justiça e os veículos foram obrigados a excluir os conteúdos.
Mesmo com a censura o caso veio à tona e correu o Paraná como um rastilho de pólvora. Agora, com a derrubada da liminar, outros veículos também passam a divulgar o caso e a situação do presidente fica cada vez pior, com todas as suas ações agora visíveis ao público.
Renúncia
Nos bastidores, nos grupinhos de deputados durante as sessões, o assunto é um só. Alguém levará Traiano ao Conselho de Ética da Assembleia? Traiano pode ser cassado? Será que ele renuncia?
Ninguém sabe o que vem pelo frente, mas uma coisa é certa: não há mais nenhum clima para o velho político tentar se reeleger para mais um mandato de presidente da Casa, cargo que ocupa desde 2015.
E, caso renuncie ou seja cassado, Marcel Micheletto (PL), deputado do Oeste, será o próximo presidente do Legislativo estadual, até o final de 2024.
Entenda o caso
Traiano tentou impedir a veiculação de informações sobre uma investigação contra ele conduzida pelo Ministério Público do Paraná. Ele foi gravado pedindo R$ 200 mil de propina a Vicente Malucelli, então diretor da TV Icaraí, de Joel Malucelli, para que a Assembleia renovasse o contrato para gestão da TV Assembleia. O dinheiro pedido seria divido com o então deputado estadual Plauto Miró.
A gravação foi feita em 2018 e chegou ao MP em 2020, mas não tinha vindo à publico. Traiano e Plauto Miró confessaram ao Ministério Público do Paraná que pediram e receberam propina. Ambos fecharam um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) em dezembro de 2022.
O teor das gravações foi incluído na defesa do deputado Renato Freitas (PT) no processo que ele sofre de cassação de mandato por ter chamado Traiano de corrupto. Para provar que não cometeu calúnia, Freitas incluiu trechos da gravação e do depoimento da delação premiada de Vicente em suas argumentações finais.
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