Enquanto manobras são feitas nos bastidores, muitos deputados estaduais expressam (em off) dúvidas sobre a possibilidade de punição do presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, mesmo após as graves revelações de corrupção. O levantamento foi feito pelo portal Plural, que cobre o dia a dia da política estadual.

Liderando a Assembleia há oito anos, Traiano vê seu legado e influência questionados. Mas, a avaliação geral entre seus pares sugere que, embora o escândalo envolvendo a propina da TV Assembleia, dificilmente ele vai renunciar ao cargo de presidente da Assembleia.

Cassação do mandato

Por outro lado, existe uma representação apresentada por Renato Freitas (PT) pedindo a cassação de seu mandato. Mas se Traiano conseguir manter seu acordo de não persecução penal sob sigilo, dificilmente haverá provas para que o pedido prospere.

O Ministério Público e o Judiciário têm impedido que a imprensa e, consequentemente, a população tenham acesso ao material. E é lá que estão as provas. Sob sigilo de justiça.

Por conta disso, também é voz corrente entre os deputados, que Traiano pode ter condições para manter-se no cargo de presidente até o final de 2024, quando encerra seu quinto mandato.

Reeleição difícil

A única coisa que realmente complicou para Traiano é a possibilidade de reeleição para a presidência. Traiano vinha se articulando para montar a nova chapa, para permanecer na presidência nos dois últimos anos da legislatura (2025-26).

Os deputados acham que seria suicídio votar numa chapa que tenha Traiano, e muito pior seria integrar essa chapa.

Silêncio que preocupa

É preocupante o silêncio que impera entre os deputados no caso que envolve Traiano. Até agora só dois parlamentares vem abordando o assunto abertamente e cobrando a renúncia do presidente ou sua cassação. É o caso de Fábio Oliveira (Podemos) e Renato Freitas (PT), respectivamente.

Nem mesmo outros deputados de oposição têm se manifestado, o que causa muita estranheza e até levanta suspeitas. Só falam “em off”.

Renato Freitas chegou a expor na tribuna e na imprensa a sua decepção com os colegas, inclusive do próprio partido, que o deixaram sozinho na luta contra Traiano. Isso gerou desconforto e reclamações.

Será que tem mais gente de rabo preso?

Relembre o caso

Traiano foi gravado pedindo R$ 200 mil de propina a Vicente Malucelli, então diretor da TV Icaraí, de Joel Malucelli, para que a Assembleia renovasse o contrato para gestão da TV Assembleia. O dinheiro pedido seria divido com o então deputado estadual Plauto Miró.

A gravação foi feita em 2018 e chegou ao MP em 2020, mas não tinha vindo à publico. Traiano e Plauto Miró confessaram ao Ministério Público do Paraná que pediram e receberam propina. Ambos fecharam um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) em dezembro de 2022.

O teor das gravações foi incluído na defesa do deputado Renato Freitas (PT) no processo que ele sofre de cassação de mandato por ter chamado Traiano de corrupto. Para provar que não cometeu calúnia, Freitas incluiu trechos da gravação e do depoimento da delação premiada de Vicente em suas argumentações finais.

No início de dezembro as informações vazaram para a imprensa e três veículos de comunicação chegaram a divulgar toda a história. Traiano entrou na Justiça e conseguiu uma liminar que obrigou os veículos a excluir as publicações. No dia 6 de dezembro, o Tribunal de Justiça suspendeu a liminar e, desde então, a questão ganhou ampla publicidade.

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