A Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) vive momentos de tensão. Em uma reunião que congregou líderes de todas as bancadas, o presidente da Casa, Ademar Traiano (PSD), manifestou firmemente sua posição contra qualquer ideia de renúncia ou afastamento temporário do cargo. A informação é do portal Plural, um dos veículos censurados no início da semana.

A postura, até aqui irredutível, surge no contexto de um escândalo em que Traiano e o ex-deputado Plauto Miró (União) foram acusados de receber propina na renovação de um contrato da TV Assembleia, agitando o ambiente político do estado.

Durante o encontro, alguns deputados, incluindo Luiz Claudio Romanelli, líder do PSD, expressaram abertamente perante Traiano a necessidade de sua imediata saída da presidência. A argumentação se apoia na preocupação de que a crise envolvendo Traiano coloca em xeque a imagem e a integridade de todos os 54 deputados da casa. A reação de Traiano a estas cobranças foi de irritação.

Traiano assegurou aos colegas deputados que permanece confiante em sua conduta e reiterou que não pretende se afastar da presidência, rejeitando até mesmo a sugestão de alguns parlamentares para que se ausentasse das sessões, minimizando sua exposição pública.

Apesar da postura intransigente do presidente, vozes descontentes ecoam pelos corredores da Assembleia. Segundo fontes internas citadas pelo Plural, se uma votação fosse realizada hoje, a maioria optaria pela saída de Traiano. Contudo, o presidente mantém seu plano de prosseguir no comando, finalizando o ano legislativo na próxima semana e apostando no recesso para amenizar os ânimos acirrados pelo caso.

OAB cobra renúncia

Nesta quinta-feira (7), a Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR) pediu o afastamento “urgente e veemente” do deputado estadual do cargo de presidente da Alep.

Em ofício, endereçado ao próprio Traiano e ao corregedor da assembleia, deputado Artagão Junior (PSD), foi apresentado após a divulgação de que Traiano firmou um acordo com o Ministério Público do Paraná (MP-PR) admitindo ter pedido e recebido propina.

Entenda o caso

Traiano foi gravado pedindo R$ 200 mil de propina a Vicente Malucelli, então diretor da TV Icaraí, de Joel Malucelli, para que a Assembleia renovasse o contrato para gestão da TV Assembleia. O dinheiro pedido seria divido com o então deputado estadual Plauto Miró.

A gravação foi feita em 2018 e chegou ao MP em 2020, mas não tinha vindo à publico. Traiano e Plauto Miró confessaram ao Ministério Público do Paraná que pediram e receberam propina. Ambos fecharam um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) em dezembro de 2022.

O teor das gravações foi incluído na defesa do deputado Renato Freitas (PT) no processo que ele sofre de cassação de mandato por ter chamado Traiano de corrupto. Para provar que não cometeu calúnia, Freitas incluiu trechos da gravação e do depoimento da delação premiada de Vicente em suas argumentações finais.

No final de semana as informações vazaram para a imprensa e três veículos de comunicação chegaram a divulgar toda a história. Traiano entrou na Justiça e conseguiu uma liminar que obrigou os veículos a excluir as publicações. Nesta quarta-feira (06), o Tribunal de Justiça suspendeu a liminar e, desde então, a questão ganhou ampla publicidade.

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