O homem que impôs tarifas de 50% ao Brasil pode acabar contribuindo para a reeleição do alvo dessas tarifas. Quem diria? Trump, ao trazer Lula para a mesa, sem querer, dá a ele o protagonismo que muitos desejariam: o presidente que negociou com a maior potência do planeta.

A política adora ironias. Quem bate pode acabar ajudando quem levou a pancada. Neste domingo (26), à margem da cúpula da ASEAN, na Malásia, Lula e Trump protagonizaram o que parecia improvável: um encontro cordial, com sorrisos, promessas de visitas e acenos para novos acordos comerciais.

A imprensa americana e internacional tratou o episódio com ceticismo, mas reconheceu o tom amistoso e o potencial de reaproximação entre Brasil e EUA. No Brasil, o clima foi de alívio: o diálogo abre chance de suspender tarifas, reaquecer exportações e dar fôlego à indústria.

O que isso significa politicamente

Se o diálogo render, com tarifas menores, exportações fluindo e empregos voltando, Lula ganha um trunfo eleitoral para 2026: a economia reagindo e a imagem de líder que defende os interesses nacionais sem se curvar.

Trump, por sua vez, acaba virando cabo eleitoral involuntário. Ao impor as tarifas, deu munição política a Lula; ao sinalizar recuo, reforça a narrativa de que o petista “resolveu” com o maior país do mundo. E nada pesa mais numa campanha do que a imagem de quem faz o Brasil ser ouvido lá fora.

Para a oposição, o cenário é ingrato: o discurso anti-EUA perde força e a crítica econômica fica enfraquecida se a engrenagem voltar a girar.

Se tudo der certo, exportações em alta, indústria animada e empregos crescendo, o eleitor pode pensar: “Se até os EUA vieram negociar, é porque o Brasil está no caminho certo.”

E aí, no fim das contas, Trump acabará ajudando Lula mais do que qualquer aliado por aqui.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *