Câmara vai sair da penumbra com sessões à luz do dia

A Câmara de Vereadores de Marechal Cândido Rondon finalmente caminha para sair da penumbra. A proposta de transferir as sessões ordinárias da noite para a manhã das segundas-feiras representa muito mais do que uma simples troca de horário: é um avanço estrutural que traz transparência para a população, melhores condições de cobertura para a imprensa e respeito aos servidores que hoje sofrem com improvisos administrativos.

Enquanto cidades como Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo já realizam há muitos anos suas sessões em horário comercial e com duas datas semanais, Marechal segue presa a um modelo noturno ultrapassado, típico de cidades pequenas e com pouca atividade legislativa.

O detalhe é que Rondon já superou essa fase faz tempo e não pode mais ficar engessada em práticas que destoam de sua importância e do ritmo acelerado de seu crescimento.

Eficiência e transparência

Sessões pela manhã não são um capricho: significam mais agilidade para votar projetos, menos necessidade de sessões extraordinárias e mais visibilidade pública.

Até a imprensa local ganha fôlego para acompanhar os trabalhos em tempo real e a população passa a ter mais acesso às discussões e votações. Publicidade e transparência não são slogans: são obrigações de qualquer Casa de Leis séria.

Respeito ao servidor

Há ainda um aspecto prático que não pode ser ignorado. Com as sessões à noite, os servidores da Câmara são obrigados a acumular horas extras que, por lei, não podem ser pagas. A saída encontrada é o banco de horas, liberando funcionários em outros momentos para compensar, o que acaba desorganizando rotinas e criando transtornos no funcionamento da estrutura administrativa.

Uma Casa de Leis não pode operar à base de improvisos. Gestão eficiente exige racionalidade, e a mudança para o período da manhã corrige essa distorção, devolvendo organização e fluidez ao trabalho interno.

O falso argumento da participação popular

Alguns opositores da mudança alegam que a realização das sessões pela manhã reduziria a participação popular. Nada mais falacioso.

A presença no plenário já é limitada e, salvo em casos pontuais ou polêmicos, o público é praticamente sempre o mesmo: assessores de vereadores, secretários da prefeitura, alguns interessados em matérias específicas e uma meia dúzia de pessoas habituais.

Além disso, é preciso ser claro: parte da resistência vem de vereadores que mantêm outras funções ou empregos no horário comercial. Mas, quando colocaram seus nomes à disposição da comunidade, já sabiam que precisariam dedicar tempo à função pública. Não são voluntários, como no passado.

Hoje, cada vereador recebe R$ 10.900 de salário pago pelo povo. E esse valor não é para fazer bico.

A verdade é que a transmissão ao vivo pelo YouTube e a gravação disponível posteriormente já garantem acesso pleno a qualquer cidadão. Eu mesmo, quando não consigo acompanhar em tempo real, assisto à gravação depois.

A mudança de horário, portanto, não prejudica em nada a transparência, nem o controle social. Pelo contrário: só reforça o compromisso com a seriedade e a dedicação que a função exige.

Ir além: duas sessões por semana

Mais do que simplesmente aprovar a mudança de horário, os vereadores poderiam dar um passo além: instituir uma segunda sessão semana, como já acontece em Cascavel, Foz e Toledo. Isso reduziria a necessidade de convocar sessões extraordinárias para tratar de matérias urgentes, garantindo mais previsibilidade e organização ao calendário legislativo.

Uma segunda reunião semanal também tornaria o trabalho menos exaustivo e mais produtivo. Hoje, discursos na tribuna frequentemente são comprimidos, e os 15 minutos regimentais acabam “tesourados” pela falta de tempo. Até mesmo as comunicações parlamentares, aquele espaço de 5 minutos reservado para manifestações finais, acabam sendo sacrificadas muitas vezes pela falta de tempo.

Com duas sessões por semana, cada vereador teria mais espaço para expor ideias, defender projetos e prestar contas ao eleitor. Além disso, o Legislativo ganharia melhores condições de acompanhar o ritmo de uma comunidade que cresce, diversifica-se e exige respostas rápidas e eficientes.

Mudança de mentaliade

Por tudo isso, a mudança não é só no relógio. É de mentalidade. Sessões pela manhã representam um Legislativo mais moderno, transparente e eficiente. Se Marechal quer se consolidar como cidade protagonista no Oeste do Paraná, precisa também de um parlamento à altura.