Em Marechal Cândido Rondon, o debate sobre o novo presídio virou um daqueles casos em que muita gente prefere a zona de conforto das redes sociais a encarar o peso da pressão popular. É mais fácil compartilhar um vídeo com meia informação e colher aplausos instantâneos do que segurar o microfone, olhar nos olhos de quem discorda e sustentar argumentos técnicos. E, no meio de uma Câmara de Vereadores onde a maioria já tinha recuado, sob pressão do barulho, dois vereadores resolveram remar contra a maré na sessão desta segunda-feira (11): Coronel Welyngton e Fernando Nègre. Clique aqui para assistir os pronunciamentos.

Não foi discurso para ganhar curtida, nem para posar de “campeão do povo” na próxima eleição. Foi fala embasada, desconfortável para alguns, e que expôs o que pouca gente quer dizer: o debate sobre esse tema precisa chegar pelo menos até o plenário da Câmara, com dados na mesa, e não ser sepultado pelo medo político ou pelo linchamento virtual.

Experiência técnica em segurança pública

O Coronel, com mais de 40 anos de experiência na segurança pública, chamou o presídio de “o maior benefício dos últimos 30 anos na área de segurança da região” e lembrou que a própria Câmara já havia aprovado, por unanimidade, um requerimento pedindo a doação de área em 2024 e novamente em fevereiro deste ano. Unanimidade.

Defendeu que o assunto seja decidido no plenário e não nas “torcidas organizadas” da internet. Reforçou que a verba de R$ 67 milhões é estadual, carimbada para a segurança, e que o município não gastará “um real” na obra. Destacou ainda que a nova estrutura acabaria com deslocamentos perigosos de presos pela cidade e substituiria a atual cadeia no centro, que ele classificou como “um barril de pólvora”.

Cuidar com a politicagem

Em tom firme, Welyngton criticou comentários feitos pelo ex-secretário e ex-diretor do SAAE, Anderson Loffi, que comemorou nas redes o “acordar” dos vereadores contra o projeto. O Coronel lembrou que Loffi é inteligente, simpático e empresário local, mas que deveria ter mais responsabilidade ao opinar, já que, se presos fugirem, a segurança de seu próprio comércio (uma lotérica) pode ser afetada.

Ele foi além: disse que não se pode decidir uma obra dessa magnitude por conveniência política. “Cuidar com a politicagem”, alertou, dando a entender que a pancada em Loffi na realidade tinha outro endereço: o ex-prefeito Marcio Rauber, que vem se manifestando contra o investimento, possivelmente pelo simples fato de ser adversário de Backes.

Defesa do Plano de Governo

Se fosse uma partida de futebol daria pra dizer que o Coronel levantou a bola para Fernando chutar. E forte. Aquela pancada à lá Branco na Copa de 1994.

Elogiou o Coronel pela firmeza, mas apontou o dedo para o prefeito Adriano Backes, acusando-o de não ter coragem para defender o próprio plano de governo. Sim, no Plano de Governo de Backes e Sauer está escrito:

“Construir um complexo penal, delegacia cidadã e delegacia da mulher, em parceria com o governo estadual.”

Fernando disse que o silêncio do Executivo abriu espaço para mentiras e histeria, ignorando a posição favorável de entidades como a OAB, Acimacar e Conselho da Comunidade. Para Nègre, quem é contra precisa apresentar argumentos sólidos, e não repetir boatos sobre desvalorização imobiliária ou aumento de criminalidade, já desmentidos por exemplos de outras cidades.

Em tempos de política feita com medo de perder voto e sob a lógica do “melhor não mexer nesse vespeiro”, ver dois vereadores defendendo o debate, chamando para a conversa séria e expondo contradições do próprio governo é quase um ato de resistência.

Pode não render corações nas redes, mas rende algo que anda em falta por aqui: coragem e responsabilidade.

2 Replies to “Coronel e Nègre mantêm defesa do presídio e expõem omissão do governo

  1. ALIÁS FERNANDO NEGRE JÁ ESTÁ CASADO SÓ ESTA FAZENDO MERDA POR ENQUANTO ATÉ VIR DECISÃO FINAL……MAS O CARA TEM QUE APARECER PRA FAZER MERDA…….PT É ASSIM OU CAGA NA ENTRADA OU NA SAÍDA!

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