Você já deve ter ouvido essa frase: “Sou a favor do presídio, mas não aqui perto de casa”. É mais ou menos o que tem alimentado o debate (ou a falta dele) sobre a nova unidade prisional que pode ser construída em Marechal Cândido Rondon.

A convite, participei, nesta sexta-feira (13), da sabatina promovida no Programa do Picolo sobre a proposta. Estavam na bancada três autoridades que conhecem de perto o drama: o delegado da Polícia Civil, Pedro Lucena; o comandante regional da PM, tenente-coronel Valmir de Souza; e o presidente do Conselho da Comunidade, Itamar Dallagnol. Nenhum deles precisou florear ou empilhar estatísticas para dizer o óbvio: a cadeia atual é uma bomba-relógio no meio da cidade.

Ela está superlotada. É insalubre. É perigosa. Já passou da hora de ser desativada. Mas isso só será possível com a construção de uma nova unidade.

O que mais espanta é ver setores da sociedade discutindo um problema tão grave com base em achismos dignos de grupo de WhatsApp. Durante a sabatina, o coronel Souza e o delegado Lucena foram cirúrgicos ao apontar os absurdos espalhados por aí — e deixaram uma pergunta no ar, incômoda, mas necessária: quem, afinal, teria interesse em ser contra a construção de um presídio? Porque, convenhamos, até bandido prefere que não construam.

Tem gente dizendo que, se fizerem o presídio, vai encher a cidade de familiares de presos. Então tá. Vamos olhar os 90 detentos que estão hoje ali no centro: quantas famílias desses presos vieram morar em Marechal? Nenhuma. Mas o boato continua circulando como verdade absoluta.

Outro clássico: “Vai aumentar a criminalidade”. Vamos aos fatos. Guaíra tinha fuga de presos quase toda semana. Depois que inauguraram o novo presídio, tranquilidade total. E em Catanduvas? Alguém viu naquela cidade algum surto de crime desde que construíram o presídio federal? Pelo contrário, é uma cidade que só se desenvolveu.

Mas o argumento campeão mesmo é o do “melhor não mexer”. E aí seguimos com a cadeia atual — um depósito de gente maltratada — no meio de uma cidade que adora se orgulhar de sua qualidade de vida. Será?

É importante dizer, sem rodeios, que sou absolutamente favorável à implantação do presídio. Não por teoria ou suposição. Falo com a experiência de quem já entrou ali várias vezes, em coberturas jornalísticas nas décadas de 1990 e 2000, e viu de perto o que muitos preferem ignorar. Gente que palpita, mas não sabe o barril de pólvora que é aquilo.

A estrutura atual é um risco à segurança pública, um atentado à dignidade humana e um fardo que recai sobre servidores, presos, famílias, advogados e toda a comunidade. Enquanto isso, o Estado oferece uma solução= e uma parte da sociedade parece mais preocupada com fantasmas do que com fatos.

O projeto é claro: cadeia fora do perímetro urbano, com capacidade para até 400 detentos, 80 policiais penais, mais de 50 terceirizados e injeção mensal de recursos na economia local. É mais segurança, emprego e dignidade.

O que falta, então?

Nos falta enfrentar boatos com informação. Nos falta responsabilidade cívica. E nos falta o posicionamento de quem não pode mais se esconder atrás do silêncio.

A OAB local, por exemplo, ainda não se manifestou. Inexplicável. São os advogados que enfrentam diariamente a precariedade da atual cadeia, sem estrutura e sem segurança. Se não é agora a hora de falar, quando será?

O Conselho da Comunidade se posiciona. O Conselho de Segurança se posiciona. O Ministério Público se posiciona. As polícias se posicionam. A Acimacar se posiciona. A Prefeitura se posiciona. A Câmara se posiciona. E a OAB?

A vereadora que pede audiência pública está no seu direito. Mas é preciso que os argumentos não sejam baseados em “e se…” e “vai que…”. Precisamos lidar com a realidade, não com projeções apavoradas, com pânico social sem fundamentação estatpistica.

Porque enquanto se marca audiência, se imprime panfleto e se faz cara de dúvida, o Estado pode levar os R$ 30 milhões para outra cidade. Já vimos esse filme antes algumas vezes.

Portanto, sejamos francos: Marechal Cândido Rondon não precisa mais decidir se quer ou não esta unidade prisional. Isso já foi discutido. A pergunta agora é: vamos resolver o problema ou continuar empurrando com a barriga?

A nossa cadeia pública não é apenas um incômodo urbanístico. É um passivo histórico, prestes a virar manchete de tragédia. Quando — não se, quando — houver uma nova fuga, rebelião ou algo pior, ninguém poderá alegar surpresa. A cidade foi alertada e por quem melhor conhece a realidade do setor.

E aí, meu amigo, não adianta vir com nota de repúdio, nem com discursos indignados na tribuna da Câmara, na imprensa ou nas redes sociais. A chance de resolver está aqui, agora e é palpável.

Ou Marechal assume o problema com maturidade — ou segue brincando de cidade modelo enquanto varre a sujeira para debaixo do tapete da cadeia velha. Ninguém vê mesmo, né?!

Se você ainda tem dúvidas, se faça uma pergunta honesta: você quer continuar com o que temos hoje?

Se a resposta for “não”, então o caminho é simples: com coragem, informação e responsabilidade, Marechal Cândido Rondon precisa dizer sim.

2 Replies to “Por que Marechal deve dizer SIM à nova unidade prisional

  1. Olha na minha opinião já passou da hora,e presciso e com uma certa urgência pois a cadeia pública e quase tão velha quanto a cidade então pra quem não conhece a história de Marechal nem deveria opinar outra coisa quem decide e o estado e pronto as pessoas não querem não sabem da realidade da cadeia pública de Marechal,como Jandir escreveu até quando.

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