Após a publicação da matéria “Pg 03: A promessa que ficou no papel”, o vice-prefeito de Marechal Cândido Rondon, Vanderlei Sauer, entrou em contato com este jornalista via WhatsApp para fazer um contraponto. De forma direta, perguntou:

“Gostaria que me informasse o nome de um professor do município de Marechal Cândido Rondon, que não esteja recebendo o piso Nacional.”

Na sequência, afirmou com convicção:

“Com certeza [estão recebendo].”

E a gritaria?

A pergunta que naturalmente surge é: por que, então, tamanha mobilização? Por que lotar a Câmara, levar cartazes, fazer falas indignadas, citar defasagem de 21%, mencionar evasão de professores para cidades vizinhas e apontar desvalorização da carreira? Todos estão errados?

Questionado sobre isso, o vice respondeu:

“Se o município não cumpre com a lei do piso Nacional, por que ninguém entrou na justiça solicitando que se cumpra a lei?”

A resposta veio de volta: há uma assembleia do Sinsemar prevista, que pode deliberar inclusive sobre possível ação judicial.

E o vice concluiu:

“Excelente. Aí a verdade vai aparecer.”

Dúvida cruel

A fala do vice-prefeito Sauer contrasta com o que foi dito pela própria secretária de Educação, Maria Claudete Kozerski, que reconheceu em audiência pública uma defasagem de 21% na base salarial. Contrasta também com as falas da APP Sindicato, do Sinsemar e de todos os vereadores que se manifestaram na audiência do dia 29. Todos, sem exceção, falaram de uma dívida do município com os professores.

Estariam todos desinformados?

Ou a administração está falando de “piso” com um conceito diferente daquele que está na lei, no plano de carreira e nas decisões judiciais já consolidadas?

O desafio da transparência

Talvez a dúvida não precise esperar uma ação judicial para ser esclarecida. Bastaria a Prefeitura publicar, com clareza e detalhamento, a folha de pagamento do magistério com vencimento base, complementações e vínculos.

Sem propaganda, sem nota protocolar. Apenas números e fatos.

Se o piso está sendo pago, por que não dizer quanto cada um recebe?

O silêncio grita

Se todos estão recebendo corretamente, como afirma o vice-prefeito, a Prefeitura perdeu uma grande oportunidade de dizer isso pessoalmente na audiência pública. Preferiu deixar a secretária sozinha — e silenciosa ficou a gestão que deveria liderar a resposta.

Agora, as versões se multiplicam.

A dúvida persiste.

E quem paga — ou não paga — é o professor.

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