A sessão da Câmara Municipal desta segunda-feira (17) teve momentos marcantes, mas um episódio, em especial, chamou atenção pela contradição explícita. O vereador Cristiano Mertzner, o Suko (Republicanos), votou contra um pedido de vistas que ele mesmo havia apresentado. A dúvida que fica: ele realmente se confundiu ou cedeu à pressão política?
O debate girava em torno de um projeto de lei da Prefeitura que propõe a concessão de vale-alimentação a secretários municipais, ao procurador-geral do Município, ao diretor-presidente da Fundação Promotora de Eventos (Proem) e ao diretor-executivo do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae). Apesar de o benefício existir há cerca de 13 anos para os servidores, esses cargos não eram contemplados até agora.
Alguns vereadores, no entanto, não engoliram a proposta. O vereador Fernando Nègre (PT) foi o primeiro a se manifestar contra, argumentando que o projeto chegou na semana anterior, sem relatório de impacto financeiro e não teve o devido amadurecimento.
Na sequência, João Eduardo dos Santos, o Juca (Podemos), reforçou as críticas, destacando a ausência de um estudo de impacto financeiro e a falta de isonomia, já que os PSS e os conselheiros tutelares também não recebem o auxílio. “Então por que contemplar justamente aqueles que têm os maiores salários na Prefeitura?”, questionou.
Diante das ponderações, Suko concordou que seria prudente uma análise mais aprofundada e propôs um pedido de vistas para retirar a matéria da pauta.
Pressão nos bastidores e um voto contraditório
A temperatura subiu quando o Coronel Welyngton Alves da Rosa (União Brasil) entrou em cena para defender o projeto. Ele sustentou que o tema já havia sido amplamente discutido nas comissões da Câmara e que a proposta estava madura para ser votada. Além disso, destacou que muitos secretários que atuam em campo pagam do próprio bolso suas refeições, e o vale-alimentação corrigiria essa distorção.
O embate de ideias seguiu até que chegou o momento da votação do pedido de vistas de Suko. E foi então que ocorreu o momento mais inusitado da sessão: o próprio vereador votou contra seu pedido, deixando o plenário uns instantes em silêncio e depois arrancando alguns risos e murmúrios entre os presentes, especialmente entre os vereadores Nègre e Juca, perplexos com a mudança de Suko.
Diante do constrangimento, ele alegou que se equivocou no voto. Mas será que foi um erro genuíno ou um recuo estratégico? Há quem diga que Suko percebeu que seu pedido não passaria e, para evitar virar motivo de chacota, optou por “errar” a votação. “Não acredito que o Suko errou. Pra mim, ele mudou porque sentiu a pressão do Coronel”, comentou, em off, uma pessoa que acompanhava a sessão de perto.
Após um longo debate, o projeto foi a votação e acabou aprovado em primeira discussão por 9 votos a 3. Curiosamente, entre os votos contrários estava o de Suko, que, desta vez, não se confundiu. Também votaram contra os vereadores Nègre e Juca.
É uma patacoada atrás da outra nessas sessões. Seria divertido se não fosse trágico.