A Prefeitura de Marechal Cândido Rondon, através da Secretaria de Mobilidade está dando um passo muito importante na elaboração de um plano de mobilidade. Uma universidade foi contratada para observar e entender os fluxos e agora também vai ouvir a população através de uma série de pesquisas.

Sinceramente, sinto-me mais seguro dirigindo em Cascavel do que em Marechal Cândido Rondon. E isso não é um elogio à mobilidade cascavelense, que também enfrenta seus dilemas. É, antes, um desabafo — talvez compartilhado por muitos — de quem dirige todos os dias numa cidade que historicamente viveu retrocessos quando o assunto é planejamento urbano.

Aqui, entra governo, sai governo, e o trânsito continua um problema. Cada gestão quer deixar sua marca: uns tiram semáforos e implantam rotatórias, outros trocam os sentidos de ruas, alguns até tentam ciclovias improvisadas… e, pouco depois, o que foi feito acaba sendo desfeito. Parece aquele velho ditado: “muda-se as placas, mas não se muda o caminho”.

Por isso, a elaboração do Plano de Mobilidade Urbana é, sim, uma oportunidade — talvez a mais importante dos últimos anos — para romper com essa lógica sempre tão improvisada. Mas não será eficaz se ignorar dois elementos centrais: o conhecimento técnico e o saber popular.

E é nesse ponto que a Secretaria de Mobilidade está sendo acertiva. Parabéns ao seu comandante Marcos Carlton Hennig e a toda equipe envolvida já desde o ano passado.

Um estudo sério, baseado em dados, com análise de fluxos, comportamento de motoristas, pedestres e ciclistas, é indispensável. Assim como é indispensável ouvir a população. Afinal, quem mais entende o trânsito é quem o enfrenta todo dia.

A cidade precisa pensar grande, planejar a longo prazo, enxergar o que ela quer ser em 10, 20, 30 anos. Mobilidade não é só sobre andar — é sobre como a cidade vive. Como dizia o filósofo Henri Lefebvre, “a cidade é uma obra”, e como tal, precisa ser construída com técnica, mas também com poesia. Do contrário, seguiremos fazendo remendos em vez de projetos.

É tempo de Marechal Cândido Rondon parar de andar em círculos. Se a cidade quer, de fato, avançar, precisa começar ouvindo sua gente. O plano está sendo feito. A chance está posta. Agora, é preciso que a população fale — e que os ouvidos estejam abertos.

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