O Brasil testemunhou nesta sexta-feira (2) o que talvez seja o maior exemplo de civilidade política num país contaminado pela polarização. O presidente Lula e o governador de Sâo Paulo, Tarcísio de Freitas, mostraram que é possível sim enxergar o interesse público além das diferenças ideológicas.

Aliás, nada deveria haver de extraordinário no fato de políticos de posições partidárias diversas se unirem para defender os interesses da sociedade. Mas, infelizmente, num clima de polarização, a preocupação com o efeito na militância costuma vir em primeiro lugar, e a população que se vire.

Obra conjunta

O exemplo dado aconteceu nesta manhã num evento em Santos, que comemorou os 132 anos do Porto de Santos e também serviu para que Lula e Tarcísio anunciassem as obras do túnel que ligará Santos ao Guarujá. A obra, aguardada há 96 anos, será executada em parceria firmada entre os governos federal e estadual.

Inicialmente o túnel seria executado apenas com recursos do governo federal através do PAC. Mas, o governo de São Paulo também reivindicava a obra e o projeto acabou erguendo uma barreira entre Lula e Tarcísio.

Essa semana o problema foi resolvido num encontro entre presidente e governador. Lula recuou da ideia de construir o túnel sozinho e fechou uma parceria com Tarcísio. Cada governo destinará R$ 2,7 bilhões à obra, que contará ainda com a participação da iniciativa privada.

“Volta pro PT”

O clima no evento em Santos, transmitido ao vivo, não poderia ser mais descontraído. Quando Lula discursava, alguém da plateia gritou: “Volta para o PT, Tarcísio”, interrompendo a fala do presidente e arrancando risos.

“O Tarcísio trabalhou no Dnit quando eu era presidente”, disse Lula, tentando explicar a interrupção com o convite inusitado.

“Eu encontrei com o Tarcísio no meio da Amazônia trabalhando no gasoduto. Depois trabalhou com a Dilma Rousseff. Depois eu estranhei vendo ele trabalhar com o Bolsonaro. Mas paciência, é uma opção dele. E depois ele ganhou de nós as eleições. O que eu vou lamentar? Eu tenho que parabenizá-lo e preparar para derrotar ele nas próximas eleições”, disse Lula seguindo para apertar as mãos do governador.

Não é a primeira vez

Não é a primeira vez que Lula e Tarcísio colocaram de lado suas diferenças políticas visando objetivos mais amplos. Durante a crise ocasionada pelas chuvas no Litoral Norte de São Paulo, no ano passado, o presidente e o governador colaboraram na coordenação dos esforços de auxílio.

Essa parceria, essencial para agilizar o atendimento às vítimas, foi bem recebida por representantes políticos de diversas correntes, embora tenha causado certo espanto entre os apoiadores nas plataformas digitais.

A colaboração entre Lula e Tarcísio muito bem poderia servir de exemplo para outros políticos.

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