Por Paula Tomborelli*

Desafios e oportunidades estão por vir no sistema educacional brasileiro. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o ensino médio, tão discutida em debates sobre educação nos últimos anos, foi aprovada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e homologada recentemente pelo Ministério da Educação (MEC). Esta medida deve trazer impactos positivos para o ensino e aprendizado no país, a começar pela substituição do atual modelo. E o primeiro passo foi dado.

O currículo do ‘Novo Ensino Médio’ deverá ser composto por até 60% de conteúdos previstos pela BNCC e 40% por itinerários formativos – optativos, conforme a oferta da escola e interesse do próprio aluno. Mas, o que pode mudar? A começar pela cultura educacional, estimular não somente o ensino cognitivo e intelectual, como também o desenvolvimento socioemocional, de modo que, juntas, sirvam de princípio para transmitir valores, conhecimentos e habilidades. Além disso, o principal argumento da BNCC é que o trabalho do ensino médio brasileiro não será mais aplicado em disciplinas, mas sim na resolução de problemas.

Tecnologia a favor da educação

Outra novidade prevista pela BNCC no ensino médio é que até 20% da carga horária do curso diurno poderá ser ofertada na modalidade de educação a distância, chegando a 30% no curso noturno. Este modelo está em alta no Brasil (em cursos superiores e corporativos), portanto, ter contato com os dois métodos desde cedo ajudaria os estudantes a optarem entre o presencial ou o EAD ao ingressarem na universidade. Em ambos os casos, estimular o uso de outras tecnologias seria um passo importante, pois trata-se de uma oportunidade para as escolas se adequarem a novos formatos e modernizarem seus modelos de ensino, o que proporcionaria mais igualdade na distribuição da educação.

Dentro dessas transformações sociais, um dos focos desta medida, um exemplo prático seria a inserção de temas como o trânsito nas aulas, que é a principal causa de mortes entre jovens de 15 e 29 anos no mundo – o Brasil é o quinto pais com mais fatalidades no trânsito. Assim, seria possível conscientizar os jovens a terem comportamentos adequados a partir da verticalização do tema em matérias tradicionais, como física, estimulando os alunos a calcular distância entre o local de origem e o destino final; ou matemática, incluindo estatísticas sobre frotas ou números de infrações e acidentes. Já em matérias de itinerários formativos, a tecnologia seria aliada com a inclusão do simulador de direção educacional nas aulas, que estimulariam os estudantes a se comportarem com mais responsabilidade, ética e segurança, no relacionamento intersocial com o trânsito, seja como pedestre, como passageiro ou usuário de diferentes modais, como patinete, bicicleta, moto, ônibus, etc.

Afinal, educar o jovem para que ele seja um cidadão mais preparado para o mundo é fundamental. Termos essa mudança em um momento em que a tecnologia está cada vez mais acessível e inovadora, nos dá a esperança de que esse movimento pode trazer consequências positivas não somente ao futuro dos jovens, como também ao futuro do país.

*Paula Tomborelli é Diretora da EducaWise

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