A recente entrevista concedida ao jornal O Presente pelo vereador João Eduardo dos Santos (Juca) e pelo ex-vereador Sargento Dionir, ambos do Podemos, trouxe pelo menos um fato novo. Mais do que meros anúncios ou críticas à gestão, a conversa trouxe à luz um personagem que, oficialmente, havia se despedido da vida pública: Dionir. Ou, ao menos, era isso que o script indicava em 2024.

Logo na abertura da conversa, ele foi direto, beirando a provocação: “A política não me deixou sair”.

A frase, embora clichê no meio, ganha peso pelo contexto.

Um retorno com protagonismo

Dionir não reaparece para compor elenco de apoio. Assume a presidência do Podemos, discursa com autoridade, articula, coordena e se posiciona como uma das vozes centrais da oposição local. A mira está calibrada para 2026, trabalhando diretamente na pré-candidatura do vereador Juca (Podemos) a deputado estadual.

Não se trata de uma ajuda pontual de um correligionário. Tem mais cara de demarcação de território político.

Ele relata pressão popular diária, diálogos constantes com o empresariado e um sentimento de que seu afastamento nunca se concretizou plenamente. Pode até ser verdade. Mas também é fato que quem realmente abandona a política não retorna assumindo a presidência de uma sigla.

A saída anunciada em 2024

É preciso refrescar a memória do leitor. Até 2024, Sargento Dionir era vereador e peça-chave no grupo de oposição que projetava Arion Nasihgil (PL) como candidato a prefeito. A engrenagem rodava bem até o anúncio do vice da chapa, Claiton Schlindwein, o “picolé de chuchu” da campanha passada.

Foi o ponto de ruptura. Pouco depois, Dionir comunicou que não buscaria a reeleição e encerraria seu ciclo na vida pública ao final do mandato. A este Blog, na época, foi categórico: “Não adianta me procurar, querer conversar. A decisão está tomada e não tem volta”. Prometeu cuidar da família e da empresa.

O acordo e o silêncio

Ao ser questionado se a decisão tinha raízes na escolha do vice de Arion, Dionir manteve a cautela. Alegou um acordo de cavalheiros com o vereador Juca (Podemos) para não tocar no assunto.

Entretanto, deixou uma pista valiosa: muitas coisas acertadas na migração do União Brasil para o Podemos não teriam sido honradas. Não disse o que.

O impacto no jogo

A desistência de Dionir não foi um ato isolado; teve impacto sísmico na chapa proporcional. O Podemos trabalhava com a expectativa de eleger dois vereadores e brigar por uma terceira vaga na sobra, ancorado nos votos de Dionir e Juca. Sem um dos pilares, o partido perdeu musculatura.

Ainda assim, nos bastidores, Dionir nunca parou de operar.

Juca em 2026, Dionir em 2028?

A entrevista confirma que a política nunca saiu do radar de Dionir. O que mudou foi o timing. O retorno ao comando do Podemos indica um reposicionamento estratégico, não apenas um apoio moral.

Hoje, ele trabalha pelo projeto de Juca. Mas nega, por enquanto, planos para 2028, preferindo o “não” ao “sim”. Contudo, em política, portas apenas encostadas costumam ser escancaradas com o tempo.

A entrevista ao O Presente não foi apenas um retorno formal. Foi a confirmação de que Dionir voltou. Ou, talvez, apenas tenha admitido publicamente o que a comunidade já sabia: ele nunca saiu de fato.

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