Um detalhe curioso e sintomático chama a atenção na nova configuração do Legislativo rondonense a partir de 2026. Com a efetivação de Fábio Fockink, popularmente conhecido como Policial Fábio (PL), a Câmara de Marechal Cândido Rondon passará a contar com três vereadores oriundos da Polícia Militar. A mudança ocorre após a cassação da chapa da Federação Brasil da Esperança (PT/PCdoB/PV), que resultou na perda do mandato de Fernando Nègre (PT).

Fábio se junta aos já eleitos Coronel Welyngton (União Brasil), atual primeiro secretário da Casa, e o Sargento Marcos Spohr (PL).

Na Câmara ainda tem o Cabo Jair Alves, assessor parlamentar do vereador Spohr.

Não seria exagero dizer que, na prática, teremos uma “Câmara Cívico-Militar” legislando na Rua Tiradentes. É a segurança pública trocando o patrulhamento das ruas pela fiscalização das contas e das leis.

Resta saber se a hierarquia da caserna será suficiente para colocar a política na linha.

O Executivo em forma

Mas a influência dos coturnos não se restringe às cadeiras estofadas do Legislativo. O Executivo rondonense também está repleto de quadros formados na disciplina militar. A lista é encabeçada pelo vice-prefeito Vanderlei Sauer (União Brasil) e segue com nomes estratégicos no secretariado: o secretário de Esporte e Lazer, Claudinei Lopes Mainardes; o secretário de Mobilidade, Marcos Carlton Hennig; além do diretor Técnico e Operacional do SAAE, Angelo Rafaeli, e do administrador distrital de Margarida, Soldado Roni.

Evolução histórica

Fazendo uma análise em retrospectiva, percebe-se que esse fenômeno não nasceu ontem. Os fardados começaram a marcar território na política local a partir da eleição de 2000, quando o Soldado Genésio Machiner se elegeu vereador pelo extinto PFL. Quatro anos depois, o bastão foi passado para Ito Rannov, eleito em 2008. Até aquele momento, a regra parecia ser de “um mandato só”.

A chave virou em 2016, com a eleição do Soldado Sauer, que não apenas foi reeleito em 2020, como pavimentou seu caminho para o Executivo, elegendo-se vice-prefeito na chapa de Adriano Backes (Progressistas) para a gestão 2025-2028.

Em 2020, além de Sauer, foi eleito também o Sargento Dionir Luiz Briesch (Podemos), que acabou não concorrendo no pleito seguinte.

Já em 2024, a “bancada da farda” mostrou força redobrada com o êxito de duas patentes distintas nas urnas: o Coronel Welyngton e o Sargento Spohr. Agora, com a dança das cadeiras provocada pela Justiça Eleitoral, o time ganha reforço com o Policial Fábio.

Tendência microrregional

O fenômeno, contudo, não é uma exclusividade rondonense. Como bem pontuou o jornal Tribuna do Oeste em sua edição de fevereiro deste ano, há uma tendência clara na microrregião de policiais da reserva migrando para a gestão pública.

Em Quatro Pontes, o vice-prefeito também é militar. Trata-se do Sargento Délcio Tonelli, eleito na chapa encabeçada por César “Canela” Seidel. O município ainda tem o vereador Willian Vidal, igualmente oriundo dos quadros da Polícia Militar.

Em Mercedes, Altair Loffi, oriundo da Polícia Militar Rodoviária, figura há muitos anos como vereador.

Em Entre Rios do Oeste, Cristiano Weber não só se elegeu vereador como também se tornou o presidente da Câmara.

Em Pato Bragado, Volmir Wollmann, não conseguiu votos suficientes para se eleger, ficando na primeira suplência do MDB. Hoje é secretário de Planejamento da prefeitura.

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