A coletiva de imprensa do PL, na última quarta (12), convocada para celebrar a decisão do TRE-PR e a futura posse do Policial Fábio como vereador, trouxe muito mais do que o discurso oficial sobre respeito à cota de gênero. Trouxe sinais. Alguns sutis, outros nem tanto, sobre o futuro político do partido em Marechal Cândido Rondon.

E esses sinais não apontam todos para a mesma direção. Por trás da fachada de unidade partidária, o PL revela uma clara divergência entre a cúpula do partido e os detentores de mandato, num dilema que se projeta diretamente nas eleições de 2026 e 2028.

Direção longe de Marcio e Backes…

O presidente Arion Nasihgil voltou a reforçar que o partido não deve mudar de mãos e ficará longe de qualquer guinada para o grupo do ex-prefeito Marcio Rauber (União). Mas quando o assunto é a relação com o atual prefeito Adriano Backes (PP), a disposição de aproximação igualmente parece distante.

A fala foi protocolar, cuidadosa e, em alguns trechos, claramente evasiva. Arion citou alinhamentos federais, mencionou a construção das candidaturas para 2026, mas não deixou escapar qualquer possibilidade de alinhamento com o atual prefeito, que foi seu adversário na eleição de 2024.

… mas quem tem mandato enxerga outro caminho

A prática, porém, é menos rígida.

A dinâmica interna do PL na Câmara sugere que a necessidade de governabilidade e a busca por recursos superam as ideologias.

O vereador Iloir “Padeiro” já atua como aliado desde o início do ano, votando com o governo em pautas centrais.

Já o Sargento Marcos Spohr não é de muitos holofotes, mas tampouco se comporta como opositor.

E os suplentes do partido, como Jaimer Tasso, Neco do Peixe e Valdir “Portinho”, mantêm diálogo com o Paço.

O próprio Policial Fábio, quando questionado sobre o posicionamento político, não assumiu um lado. A resposta foi vaga, com apelo ao “trabalho em grupo” e à decisão “coletiva”, o que na prática significa: nada definido.

Eleição de 2026

Para deputado federal o PL parece fechado com Fernando Giacobo (candidato à reeleição), mas precisa definir seu candidato estadual.

Boa parte do PL local tende a apoiar Hussein Bakri (PSD) para estadual, o principal nome do grupo do governador e aliado direto de Backes.

Quando perguntado sobre a possibilidade de apoiar o vereador Juca, que é pré-candidato pelo Podemos, Arion até admitiu a chance. Mas a resposta veio com o freio de mão puxado, de quem não queria se comprometer demais. Ficou no “depende do partido”, “se houver entendimento” e “seria uma honra”.

Ou seja: nada fechado.

A lógica eleitoral, com a maioria apoiando Bakri, empurra o PL para perto do Executivo, mesmo que o discurso oficial ainda mantenha distância.

Conclusão (não dita na coletiva, mas evidente nos bastidores)

O PL rondonense vive duas realidades paralelas:

  • a cúpula, que ainda prefere manter distância do governo Backes;
  • a bancada e suplência, que circulam no Paço com naturalidade e podem consolidar esse caminho.

A posse do Policial Fábio amplia esse dilema: com três vereadores, o partido ganha peso. E peso costuma buscar espaço, influência e proximidade com quem administra a cidade.

2026 dirá quem fala mais alto: o discurso oficial de Arion ou a prática política dos que terão voto na Câmara.

 

 

 

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