Está na mão dos vereadores de Marechal Cândido Rondon uma denúncia que coloca sob suspeita a 1ª Expo Construção, evento que movimentou o setor da construção civil em outubro e abriu espaço para dezenas de empresas que não conseguem participar da Expomar por falta de vagas.
A denúncia não tem autor identificado, mas tem endereço certo: o secretário de Desenvolvimento Econômico, Claudinho Koehler, e a Assemar, além do próprio prefeito Adriano Backes.
A peça anônima acusa um pacote completo de supostas irregularidades: improbidade, conflito de interesses, uso indevido de marcas públicas, arrecadação paralela e até pedidos de afastamento de secretários: Claudinho e o secretário de Infraestrutura Adriano Freitag, que é o presidente da Assemar.
A denúncia ainda reclama que estandes foram vendidos por um particular, que houve sorteios sem prestação de contas e que a Prefeitura teria bancado toda a estrutura enquanto “terceiros arrecadavam”. O texto também relaciona mais de 50 empresas que participaram da Expo Construção.
Tudo isso aparece no processo 356/2025, aberto na Ouvidoria e encaminhado para análise da Procuradoria Jurídica da Câmara.
O que diz o parecer da Procuradoria
O procurador jurídico da Câmara, Victor Boff, foi direto na sua análise: a Procuradoria não tem competência para investigar atos do Executivo. Recomendou duas saídas possíveis:
- encaminhar ao Ministério Público, se houver indícios de crime ou improbidade; ou
- dar ciência aos vereadores, que podem, se quiserem, pedir abertura de CPI.
Em resumo: a denúncia até foi recebida, mas não andará internamente na Câmara sem iniciativa política.
E o que diz o secretário Claudinho
Na Prefeitura a denúncia também já pipocou. O próprio secretário Claudinho disse que já respondeu tudo na Ouvidoria e questionado sobre as denúncias, tratou a situação com naturalidade. Disse que:
- tudo foi feito com termos de parceria e dentro da legalidade;
- não houve dinheiro público nos sorteios, apenas brindes dos expositores;
- a estrutura fornecida pela Prefeitura segue o mesmo modelo da Expomar durante a Expo Rondon;
- todas as empresas saíram satisfeitas e já pediram vaga para a segunda edição.
Segundo ele, “todo mundo sabe o que estão querendo criar”.
Entre a denúncia e os fatos
O documento anônimo é longo, bem escrito, cheio de citações legais, listas, tabelas e até sugestões de punição, incluindo o afastamento dos secretários, auditorias, bloqueio de despesas, comunicação à Receita Federal e abertura de inquérito civil. Tecnicamente, parece até um “manual de CPI” pronto para uso.
Apesar do capricho, falta o básico: alguém que assuma o que está dizendo. Não há nome, CPF, endereço, contato, nada. Apenas a assinatura: “Denunciante: ANÔNIMO”.
No fim, a distância entre o tom grave do texto e a ausência de autoria gera uma outra leitura possível: a “preocupação” é firme, mas a assinatura ainda tem compromisso com a sombra.
O documento agora está com os vereadores. Cabe a eles decidir se o caso é mesmo para CPI ou se é mais um papel que vai pro arquivo morto.
