Desde que assumiu como suplente do Podemos, o vereador Dr. Milton Curvo entrou na Câmara com um alvo fixo: o protocolo de regulação da saúde. Sessão após sessão, ele tem martelado o tema com discursos duros, questionando desde a lógica do sistema até o que chamou de “desumanização institucionalizada”.
Nesta segunda-feira (24), ele voltou à carga. Para Curvo, o protocolo criou uma espécie de “fila invisível”, que não resolve o problema, só o esconde. Criticou o fato de profissionais estarem impedidos de examinar, tocar e até olhar o paciente. E disparou: negar exame sem avaliação presencial não é medicina, é censura.
O ponto de ruptura
Depois de semanas ouvindo as críticas, a vereadora Marciane Specht, também recém-retornada ao Legislativo após comandar a Saúde, finalmente respondeu na sessão de hoje. E respondeu com a calma de quem conhece cada parafuso da máquina administrativa, mas com firmeza suficiente para mostrar que a paciência tinha limite.
Ela elogiou o Dr Milton como profissional, mas lembrou que a regulação não é invenção de Marechal Cândido Rondon: é política nacional do SUS, prevista desde 2008. Disse que regular não é criar barreira; é garantir prioridade a quem mais precisa. E lançou a frase que abriu a porta do desconforto no plenário:
“Talvez o vereador desconheça todos os fatos que envolvem a elaboração de um protocolo.”
Sem gritos, sem ironias abertas, mas com recado claro e direto.
O clima que ficou
A troca de alfinetadas foi respeitosa, mas o incômodo era visível. De um lado, um médico indignado com o que vê como perda de humanidade. Do outro, uma ex-secretária defendendo o protocolo que ajudou a construir.
Ambos falam com propriedade e talvez justamente por isso a colisão era inevitável.
No fim, o plenário assistiu a algo raro: o momento em que a crítica insistente encontrou uma resposta à altura. E a saúde, já cheia de dores de verdade, ganhou mais uma: a tensão política que agora divide discursos e expõe diferenças de visão dentro da própria Câmara.
A única diferença é que Marciane seguirá vereadora pelos próximos anos, enquanto que o Dr Milton depende de outras licenças generosas do titular vereador Juca. Casar ele já casou e doente ninguém quer que fique. Imagino eu.
