Marechal Cândido Rondon perdeu a chance histórica de resolver um problema que assombra a cidade há mais de três décadas: a cadeia pública no centro da cidade.

Nossas lideranças fizeram visitas técnicas, elaboraram documentos e fizeram trilho na Secretaria de Segurança Pública do Paraná, quase implorando por uma unidade nova, moderna e segura. E, quando finalmente o estado acena para uma solução, o município preferiu a covardia política.

E a culpa tem endereço certo.

Gestão Backes e Sauer: transparência zero

O prefeito Adriano Backes e o vice Vanderlei Sauer falharam em tudo na condução deste processo. Desde o início omitiram da sociedade informações básicas: quantos presos teria o novo presídio, qual seria sua função regional, que impactos econômicos traria.

Quando pressionados, fizeram enquete para “ouvir o povo” e sequer divulgaram o resultado.

Mantiveram silêncio covarde durante semanas. Até que, na quinta-feira passada, há uma semana apenas, o prefeito anunciou em alto e bom som que “não iria fugir da raia” e que tocaria o projeto adiante.

Sete dias depois, recuaram com a nota oficial, sem explicar nada. Um governo sem rumo, igual galo de chaminé, que vive ao sabor do vento.

Tania Maion: o terror digital

Se de um lado faltou transparência, do outro sobrou desinformação. A vereadora Tania Maion transformou as redes sociais em palco de manipulação e medo. Fez da mentira seu método, distorceu dados, espalhou boatos e reduziu um debate técnico a uma sequência de gritos virtuais.

Ela foi a principal responsável por incendiar os ânimos e criar o caldeirão de histeria coletiva que contaminou a opinião pública. Não discutiu segurança, não buscou soluções, apenas semeou o pânico.

E, no fim, colherá os louros da discórdia: agora certamente vai posar de heroína, como a “mulher que impediu o presídio”.

Enquanto isso, Marechal Cândido Rondon segue refém da sua cadeia arcaica, porque uma vereadora preferiu o espetáculo barato do terror emocional ao compromisso com a sociedade.

Coronel Welyngton: o pai da criança abortada

O vereador Coronel Welyngton atropelou etapas para ser o dono da pauta. Assinou ofício ao Estado incluindo, sem autorização, a assinatura da vereadora Tania Maion, fato denunciado por ela.

Com anos de serviço prestado como policial militar, hoje na reserva, conhece bem a questão da segurança. Mas na política falta a competência que tinha na farda. Brigou por holofotes e perdeu o controle do debate.

Foi a segunda batalha perdida para Tania Maion em menos de um mês. Como presidente da Comissão de Ética, conseguiu votos para puni-la com 30 dias de suspensão. Mas a vereadora reverteu na Justiça e não deixou de participar de nenhuma sessão.

Agora, o “pai da criança” acabou gerando um aborto político.

Marcio Rauber: o oportunista

O ex-prefeito Marcio Rauber tenta posar de crítico do projeto, mas a história o desmente. Foi em sua gestão que começaram os contatos com o Estado e o seu vice Ila, quando em exercício como prefeito interino, inclusive chefiou uma comitiva rondonense em Curitiba para pleitear a unidade.

Agora, Rauber veste a fantasia de opositor à administração Backes e Sauer e se posiciona contra a unidade prisional que o seu governo pleiteou ainda no ano passado.

E um detalhe que torna tudo ainda mais constrangedor: hoje Rauber ocupa um cargo comissionado dentro do próprio Governo do Estado, justamente o mesmo que oferecia a solução. No mínimo, inconveniente.

O vereador Verde, que no início era favorável, segue a cartilha de Marcio. É o velho jogo: não importa o que é bom para a cidade, importa o que rende contra o governo da vez. Uma contradição que envergonha até a lógica mais básica.

Em maio do ano passado o então prefeito em exercício Ilário Hofstaetter Marcio estava em viagem ao exterior chefiou comitiva rondonense em audiência na Secretaria de Segurança do Paraná

A base aliada: covardia eleitoral

Em junho, todos os vereadores da base assinaram documento pedindo o presídio. Bastou a pressão popular nas redes para virarem as costas ao que defenderam.

Covardes, pensaram apenas em seus currais eleitorais. Ignoraram relatórios técnicos, como o do Conselho da Comunidade, que há décadas denuncia o risco da atual cadeia.

Entidades, Judiciário e MP: o silêncio cúmplice

Acimacar, OAB, Judiciário e Ministério Público se esconderam atrás de um silêncio vergonhoso. Fingiram que o problema não existe, como se a cadeia superlotada no centro da cidade não fosse um barril de pólvora prestes a explodir.

O Conselho da Comunidade, solitário, foi a única voz que apresentou relatórios técnicos, diagnósticos precisos e soluções viáveis. Os demais, que deveriam ser os guardiões da legalidade e da responsabilidade social, preferiram o conforto da omissão.

E, assim, permitiram que todo o debate fosse sequestrado pela veia política: discursos inflamados, campanhas de desinformação e vereadores preocupados apenas com o próximo voto.

Enquanto as instituições que poderiam ter colocado ordem na discussão cruzaram os braços, a cidade perdeu a chance histórica de resolver um problema sério.

A voz do povo ou a voz da histeria?

Agora, diante da desistência oficial, resta o vazio.

Marechal Cândido Rondon recusou um investimento que não se repetirá tão cedo. Ficamos com a cadeia velha, superlotada, frágil, insalubre, envergonhando o centro da cidade e colocando a segurança em risco.

Presos, quando doentes, continuarão sendo escoltados e furando a fila no atendimento público de saúde na UPA.

Muito se invocou a expressão “a voz do povo é a voz de Deus”. Mas, como escreveu Vanderlei Britzke na Revista Paz, a mesma multidão que um dia aclamou Jesus em Jerusalém, depois pediu sua crucificação. O povo pode errar. A histeria coletiva não é sabedoria divina.

Hoje, Marechal Cândido Rondon paga o preço de sua própria cegueira. E quando a próxima fuga acontecer, quando vidas inocentes forem colocadas em risco, será tarde para lembrar que a chance existiu, mas foi jogada no lixo por vaidade, omissão e covardia.

5 Replies to “Presídio: a farsa de Marechal Rondon e a irresponsabilidade coletiva

  1. Outra matéria querendo mérito. Sem raciocínio e correlação. Justificando culpados, tirando debaixo de destroços argumentos antigos. Achando desculpas para justificar desculpas, incompetências e falta de raciocínio lógico. Um desafio: Peça através de protocolo na Camara Municipal, quem em 2025 assinou projeto solicitando a vinda do Presídio? Outra questão, ninguém está solicitando para a cadeia ficar no centro da cidade, é só usar o terreno onde seria construído o presídio e construir a nova cadeia Municipal. É tão difícil de ENTENDER ISSO? Perde-se tempo com discussões desnecessárias e esquece -se da verdadeira necessidade e objetivo. Não quero aqui em momento algum tomar partido, pois, percebo que cada um “puxa o braseiro para o seu assado” , caso contrário, há muito já se teria um consenso, que não é nada difícil, e essa questão já estaria resolvido. Mas enquanto houver plateia no circo tem espetáculo.

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