Harto Viteck é um cidadão formidável e um grande amigo. Apaixonado pela cultura e pela história, ele carrega uma teimosia boa: a de não deixar que a memória de Marechal Cândido Rondon e do Oeste do Paraná se perca no tempo. O projeto Memória Rondonense, que nesta semana completa 10 anos, é a melhor prova disso.
Conheci o Harto ainda na década de 1990, no jornal O Presente. Ele escrevia a coluna “De Curitiba”, já que, na época, era chefe de gabinete do então deputado rondonense Elio Rusch. Lembro bem da trabalheira que era receber os seus textos: vinham por fax, e as ilustrações, por ônibus. Nós passávamos tudo para as laudas. Era quase artesanal.
E, mesmo quando a internet chegou e os computadores facilitaram a vida, Harto insistia em escrever na máquina de escrever e mandar tudo por fax, fiel ao seu jeito meticuloso.
Mais tarde, tivemos a oportunidade de trabalhar juntos na assessoria do deputado Elio, quando nossa amizade se estreitou. Também tive a honra de participar do projeto do livro “Imigração Alemã no Paraná – 180 Anos: 1829-2009”, mais um marco da sua dedicação à pesquisa e à preservação cultural.
Foi com esse mesmo espírito que, em 2015, ele lançou o Memória Rondonense. O que começou com fotos de família e registros comunitários transformou-se em um vasto acervo digital. Hoje, o projeto reúne milhares de imagens, mais de 230 entrevistas, documentos e até raridades, como os registros das extintas Sete Quedas.
Em 2018, Harto foi reconhecido como membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, tornando-se o primeiro rondonense a alcançar essa distinção.
Mas seu maior legado é a ponte que constrói entre gerações: “Cada foto e cada relato são peças de um quebra-cabeça que nos ajudam a entender de onde viemos”, afirma.
Ao completar 10 anos, o “Memória Rondonense – Oeste Paranaense” é mais que um site. É um farol cultural que conecta gerações e mantém acesa identidade rondonense e do Oeste, iluminando o caminho da nossa história.
E, por trás dele, está o Harto: incansável, apaixonado, e, acima de tudo, comprometido com a ideia de que a memória é o bem mais precioso de um povo.