A proposta de construção de uma nova unidade prisional estadual fora do perímetro urbano de Marechal Cândido Rondon enfrenta seu pior momento. O que começou como um projeto técnico, debatido com representantes do Governo do Estado, Prefeitura, Câmara, Ministério Público, Acimacar, OAB e Conselho da Comunidade, agora é alvo de resistência crescente, tanto nas redes sociais quanto no plenário da Câmara. E o risco de naufrágio da ideia é real.
Na sessão desta segunda-feira (04), pelo menos quatro vereadores já se declararam contrários à doação da área necessária para a obra: Tania Maion (Republicanos), Rafael Heinrich (União Brasil), Cristiano Metzner, o Suko (Republicanos) e Gordinho do Suco (PP). Nos bastidores, o vereador Carlinhos Silva (PP) e o vereador Padeiro (PL) também já indicaram que votarão contra. A maioria, que antes era tida como certa, está por um fio.
A enquete lançada pela prefeitura para ouvir a opinião da população pode, na prática, ser usada como senha para recuo oficial da proposta.
Recuo oportunista
É preciso lembrar: em abril de 2024, a legislatura passada aprovou um requerimento pedindo que o município cedesse uma área para o presídio. Se não me falha a memória, Suko, Rafael, Gordinho e Padeiro tinham assento na Câmara em 2024. Também foram co-autores da matéria os atuais prefeito e vice, Adriano Backes e Vanderlei Sauer.

Uma reunião em Curitiba, já na atual legislatura, em janeiro de 2025, foi um gesto conjunto dos chefes dos poderes Executivo e Legislativo, ao lado do secretário estadual da Segurança Pública.

Mas bastaram as primeiras reações negativas nas redes sociais para os apoios começarem a derreter. O que era convicção virou cautela. O que era apoio virou silêncio. E o que era discurso de responsabilidade virou cálculo eleitoral.
Pergunta inevitável: os que hoje se declaram contra procuraram estudar o projeto, ouviram especialistas, buscaram dados técnicos… ou estão apenas surfando no desconforto alheio e repetindo manchetes de grupo de WhatsApp?
O papel de um vereador não é seguir o barulho. É liderar o debate com base em fatos.
A consulta que pode ser a desculpa perfeita
Outro indicativo que a proposta está indo a “bancarrota” é a enquete lançada pela Prefeitura nesta segunda-feira (4). Embora a ideia seja “ouvir a população”, o que se percebe nas entrelinhas é que a própria administração Backes e Sauer está sentindo o mau cheiro político do projeto e deixando a porta aberta para recuar com base na pressão popular.
Não está errado consultar. Mas convenhamos: em tempos de redes sociais histéricas, o que menos se vê por aí é debate qualificado.
Aliás, o que mais se ouve são frases prontas e desinformadas: “Marechal vai virar depósito de bandido”, “vai atrair o crime”, “valor dos terrenos vai cair”, “as famílias dos bandidos vêm todas pra cá”. Nenhuma dessas afirmações resiste a cinco minutos de explicação técnica. Mas são elas que moldam o senso comum. E, pior, moldam o voto de quem deveria estar acima disso.
Quem não gosta de presídio é bandido
A frase é forte. E provocadora. Mas ela resume bem o ponto: quem deveria temer presídio é quem comete crime. A sociedade, ao contrário, deveria lutar por espaços seguros, bem localizados, com estrutura, que evitam fugas, diminuam riscos e promovam a possibilidade de ressocialização dos presos.
A proposta do novo presídio é essa. Vai tirar a cadeia do centro, eliminar deslocamentos para atendimento médico, melhorar a triagem e desafogar o sistema. Vai empregar pessoas, movimentar setores, aproximar investimentos.
E Marechal Cândido Rondon, por medo, mal informado ou conveniência política, pode jogar essa oportunidade no lixo.
A audiência será o termômetro final
No dia 14 de agosto, a Câmara realiza audiência pública sobre o tema. Será o último grande momento de debate antes que o projeto para doação da área ao Estado vá a plenário. Resta saber se a população vai mesmo ouvir especialistas ou seguir os boatos da vizinhança. E mais: se os vereadores vão honrar o cargo ou seguir o “termômetro das curtidas”.
Se for para recuar, que se recue com argumentos sólidos. Mas que ninguém venha, mais adiante, fingir surpresa diante de uma fuga de presos no centro da cidade.
A chance está posta. A coragem, ou a covardia, será de cada um.
Tá levando quanto para fazer está reportagem direcionada a favor.
Texto bom… pena que a narrativa foi tendenciosa com um quê de ameaça…” depois não venham chorar na próxima fuga de presos” Os especialistas vão dizer o que for preciso pra enfiar esse barril de pólvora aqui. Eu voto NÃO.
Sou a favor
ISSO É A SUA OPINIÃO NOBRE BLOGUEIRO……A VERDADE É QUE A POPULAÇÃO QUE MOVE O MUNICÍPIO NÃO QUER UMA UNIDADE ESTADUAL AQUI E PONTO FINAL.
Eu assisti as explicações dadas pelas autoridades, coronel, secretários… Infelismente faltou humildade e não vieram com pedras nas mãos para discutir o assunto. Vieram com um modelo pronto para enfiar goela abaixo, e nem estou discutindo se é bom ou ruim, apenas que não ouviram e se acham os donos da verdade. Ninguém quer que a cadeia continue do geito que está, lembro bem que falaram que quem é contra o presídio não quer melhoria, isto não é verdade, foram muito infelizes fazendo este tipo de afirmação. Na minha opinião precisa de uma cadeia moderna, em lugar apropriado e seguro para aqueles presos que ainda não foram julgados. Mas presídios precisam de uma estrutura maior e restrita, muitas unidades prisionais ao meu ver encarrecem o custo prisional e como dito, não é boato e sim fato que bandidos continuam atuando e cometendo crimes dentro dos presídios, e sim, atrai criminosos para a proximidade de onde os presos estão.
Corrigindo: “Infelismente faltou humildade e vieram com pedras nas mãos para discutir o assunto.”
Concordo que todo novo projeto deve ser analisado com cautela e critérios.
Na sua colocação, a intenção da criação é de “tirar a cadeia do centro” esse sim é o único motivo que justifica a criação, “eliminar deslocamentos para atendimento médico, melhorar a triagem e desafogar o sistema”, nesse sentido é uma pequena porção da população que está tendo essa dificuldade, “vai empregar pessoas” sim esse também será para poucas pessoas da população, “movimentar setores, aproximar investimentos” nesse sentido eu discordo completamente, pois a primeira coisa que falamos é: será que vale a pena investir onde tem a cadeia? Será que vale a pena se mudar para uma cidade que tem uma cadeia pública? Será que teremos segurança ao morar lá?
Bem.. nesse momento não vejo como esse investimento pode atrair empregos multiprofissional.