Uma nota pública divulgada na sexta-feira (8) pelo Conselho da Comunidade de Marechal Cândido Rondon deveria ser leitura obrigatória antes de qualquer comentário sobre o futuro da cadeia pública local (Clique aqui para acessar o documento).
O órgão, que desde 1997 monitora a execução penal na Comarca, expôs sem rodeios a gravidade da situação: o prédio, construído nos anos 70 para ser carceragem temporária com capacidade para 18 presos, hoje abriga mais de 100, incluindo condenados perigosos vindos de outras cidades (sim, condenados), misturados a detentos provisórios da região.
O relatório é claro: superlotação, risco à segurança de servidores e da população, estrutura inadequada e impossibilidade de reformas eficazes. A solução defendida é a remoção da cadeia da área central e a construção de uma nova unidade, planejada para até 400 vagas, em local apropriado, com critérios modernos de segurança e condições de ressocialização.
Experiências como a de Guaíra, que resolveu suas fugas crônicas e constantes com dois presídios novos, são apontadas como exemplo prático e bem próximo daqui.
Desinformação e achismos
O problema, porém, é que a discussão técnica foi atropelada pela desinformação. Boatos e medos infundados ganharam mais espaço que dados concretos, a ponto de o prefeito Adriano Backes já admitir que vai desistir da solução oferecida pelo Governo do Estado, mesmo diante de alertas de que a omissão apenas adia e agrava a crise.
E não é preciso ir longe para entender o risco. Na madrugada deste domingo (10), em Assis Chateaubriand, oito presos fugiram após render agentes penais e levar armas da cadeia pública local. A fuga mobilizou Polícia Militar, Polícia Civil e Depen, com bloqueios nas rodovias e buscas por terra e ar. É exatamente esse tipo de vulnerabilidade que uma estrutura ultrapassada, superlotada e mal localizada potencializa.
Ignorar a necessidade de um novo presídio não é proteger a cidade, é deixá-la exposta a perigos como vive Assis neste domingo. O crime não espera consensos políticos ou narrativas confortáveis.
“Acho que” fico impressionado com o que aconteceu até aqui em relação a possibilidade ou não da construção deste presídio.
“Acho que” a impressão que dá é a de que se não existir um presídio descente na cidade os moradores daqui seguirão com a “sensação” de que aqui não se cria bandido.
“Acho que” moramos na fronteira com o Paraguai e quase todos os dias são apreendidas cargas de maconha, cigarro, defensivos, eletrônicos em nossa microrregião.
“Acho que” falta assumir que nosso PIB (para ser bem suave) tem no desvio e contrabando um forte braço econômico e isso gera prisões.
“Acho que” nossa cidade pode ampliar este PIB simplesmente fechando o ciclo econômico gerado a partir da construção de novo presídio.
Cria o problema e resolve o problema.
Fatura quando dá certo.
Fatura quando não dá certo.
“Acho que” por aqui a única coisa que flui no círculo social é a Terra Plana, as Fake News, os achismos. Ah, o anti-comunismo.
Onde estão os profissionais daqui?
Onde estão as pessoas responsáveis para apresentar ou, ainda melhor, assumir o controle desta decisão sem/independente da opinião de terraplanistas?
Se a construção deste presídio é uma necessidade que se construa.
Se não for, assume e não transfira a responsabilidade.
O poder público não foi eleito para pedir opinião de pessoas sem nenhuma base de informações para além do “acho que”.
Mas, afinal, qual é a real necessidade?
Quais vantagens reais e quais as desvantagens reais?
“Acho que” ainda dá tempo de evitar um erro histórico.
Mas é só achismo.
Quem tem de saber é quem tem de saber.
Eu confesso que era contra a construção de presidio. Para mim presídio e penitenciária era a mesma coisa. A maioria da população também pensa assim. Mas apesar de entender a diferença ainda tenho algumas dúvidas quanto a abrangência do presídio, como realmente funciona. Isso não nos fora exclarecido, infelizmente perderam tempo e não exclareceram para a sociedade. O diálogo não é o forte desta gestão. Todos concordam que a estrutura da cadeia que hoje temos é precária e não pode continuar assim. E a gestão atual ao invéz do diálogo se cagaram nas calças e me parece que não vão resolver o problema. Teria sido mais fácil ter se informado melhor e exclarecido isso a sociedade, se isso é uma boa idéia ou se é a única possível enfiada goela a baixo. O importante é exclarecer, mas parece que preferem se complicar sendo passivo, do que tomar uma atitude e não conseguir explicar. Eu entendo que o Estado tem suas políticas públicas, mas poderia ser melhor esclarecido isso. Todos queremos uma cidade segura e tranquila, e estamos dispostos a entender e apoiar o melhor projeto.