Fernando Nègre acende a estrela do PT em Marechal Rondon

É curioso observar como a política local tem seus próprios caminhos, muitas vezes na contramão do cenário nacional. Enquanto o governo Lula 3 enfrenta dificuldades crescentes, desgastes naturais do poder e críticas de todos os lados — inclusive de setores da própria esquerda —, em Marechal Cândido Rondon o PT vive talvez seu melhor momento desde a fundação.

Durante décadas, o Partido dos Trabalhadores foi uma legenda quase invisível por aqui. Suas ideias, muitas vezes estigmatizadas, encontravam pouco eco numa cidade de perfil majoritariamente conservador e avessa ao discurso progressista.

O PT era, em resumo, uma sigla sem fôlego, sem quadros fortes, sem base consolidada e, automaticamente, de poucos votos. Parecia fadado ao papel de coadjuvante eterno. Até o saudoso Sonda precisou mudar de partido para conseguir eleger-se vereador e decepcionar-se no PMDB.

Mas essa história mudou a partir da eleição de Fernando Nègre para a Câmara em 2024. Primeiro vereador do partido na história de Marechal Cândido Rondon, Fernando agora assume também a presidência municipal da legenda. Foi eleito neste domingo (06) com o voto de 70 dos 80 filiados que compareceram para votar na eleição interna do partido.

Trata-se de um divisor de águas. O PT antes de Fernando era silencioso. Com ele, tornou-se atuante, propositivo, ousado.

Fernando não é apenas um político de mandato. É um político por vocação. Conheço-o há quase 15 anos, desde os tempos em que, ainda pelo PCdoB, ensaiava seus primeiros passos na política local. Já naquela época demonstrava convicção, apetite pelo debate e uma capacidade rara de dialogar com todos os campos. Hoje, esse talento se traduz em articulação política, em diálogo com setores antes intransponíveis, e em projetos concretos, como é o caso da luta pelo campus do ITFPR que resgatou logo nos primeiros dias de mandato.

Na presidência do partido, já sinaliza metas ambiciosas: mil filiados nos próximos quatro anos e um projeto para governar a cidade a médio prazo. Isso é bem mais ousado. Mas a ousadia política bem conduzida costuma abrir caminhos onde antes só havia obstáculos.

Enquanto em Brasília o PT se debate com crises de governabilidade, alianças desconfortáveis e uma militância muitas vezes desmotivada, em Marechal Rondon ele respira novos ares.

Marechal Cândido Rondon ainda é, sim, uma cidade majoritariamente conservadora. Mas também é uma cidade que começa a ouvir outras vozes. E, entre elas, a voz de Fernando Nègre — firme, serena e propositiva — tem ganhado cada vez mais espaço.

O PT local, enfim, encontrou alguém capaz de dar-lhe identidade, rumo e, principalmente, coragem. E isso, para qualquer partido, é o primeiro passo para virar protagonista.