Depois de alguns meses de calmaria, a previsão é de tempestade para o retorno das atividades na Câmara de Marechal Cândido Rondon é de tempestade. Os primeiros trovões já estão ecoando. Trata-se de mais uma animosidade envolvendo os vereadores, especialmente os da base, com a administração Backes e Sauer.
A Festa do Município, um evento que sempre serviu para afagar egos, selar alianças e exibir unidade política, desta vez escancarou o distanciamento entre o Paço e a Câmara. Mas, a festa foi só a faísca que acendeu um barril de insatisfações já acumuladas.
Faltou o convite. Faltou o carinho. Faltou o prestígio.
Na abertura da festa, os vereadores, salvo o presidente Valdirzinho, sequer foram convidados a compor a frente de honra. Um detalhe? Para os espectadores, talvez. Para os vereadores, foi um desaforo.
Como bem se sabe, vereador gosta de solenidade. É o momento de brilhar, de aparecer, de sair bem na foto, de reforçar a presença institucional.
“Foi falta de respeito”, disse um deles em tom contido, mas firme. Outro foi além: “Parece que querem governar sozinhos”. Um terceiro concordou: “Clima tá estranho”. O desconforto, embora sussurrado, é generalizado.
O silêncio da festa foi barulhento
A ausência dos vereadores em compromissos importantes durante a festa, como no almoço das autoridades, com a presença do vice-governador Darci Piana, não passou despercebida. Apenas Padeiro, Carlinhos e Tania Maion (que não é mais da base) apareceram no ambiente. E nem todos almoçaram por ali. Creio que só o Padeiro aproveitou a bóia. Teve ainda o Verde, que só deu uma espiada pela janela pra ver quem estava por lá, mas nem entrou.
Aquela imagem clássica dos vereadores cercando o prefeito, deputados e outras autoridades durante os dias da Expo Rondon, acompanhando visitas e eventos, ficou no passado.
Mais emblemático ainda foi o evento desta quarta-feira (30), na Prefeitura, em que o prefeito Adriano Backes foi empossado presidente da Junta Militar (foto). Todos os vereadores foram convidados. Só um apareceu: o Carlinhos, que é suplente e precisa cuidar.
Reprise de uma crise mal resolvida?
Não é a primeira vez que o governo vê sua base ameaçada por insatisfações. Basta lembrar da reunião de emergência realizada meses atrás na casa do secretário Gilmar Dattein, um encontro convocado às pressas, quando a roupa suja foi lavada. Mas, parece que sujou de novo.
Na época, os vereadores da base já reclamavam do distanciamento do prefeito, da centralização nas decisões e da influência de poucos nomes que orbitam ao redor do gabinete. Parece que pouca coisa mudou.
O que está faltando?
Em uma palavra? Diálogo.
Mas também está faltando atenção. Está faltando leitura política. Está faltando um bom assessoramento. Alguém que faça a ponte, que saiba a hora de ceder, de cativar, de segurar o rojão antes que ele estoure no colo do próprio governo.
Vereador desvalorizado vira inimigo silencioso. E a história política ensina: não há gestão forte com base fraca. A depender do que for dito na volta das sessões na próxima segunda-feira (04), a crise pode ganhar microfone e a panela de pressão que andava só chiando, pode vir a explodir.