A temperatura política dentro do Progressistas e do governo de Adriano Backes subiu assustadoramente esta semana. Em apenas três dias dois vereadores do partido do prefeito — Gordinho do Suco e Juliano Oliveira — protagonizaram episódios que deixaram marcas visíveis no já desgastado discurso de união e diálogo do chefe do Executivo.

Se o primeiro empinou a carroça, o segundo chutou o balde. E tem outros também descontentes.

Juliano, sempre discreto e silencioso nas sessões da Câmara, perdeu a paciência após mais de uma hora esperando por uma reunião com o prefeito Adriano Backes, na manhã desta quinta-feira (27). O detalhe que tirou o vereador do sério? Duas pessoas com horário marcado depois dele foram passadas para frente e o vereador ficou plantado.

Resultado: palavras duras ao secretário de Governo, Gilmar Dattein, e uma saída nada diplomática da Prefeitura.

A verdade é que Juliano já vinha engolindo sapos — e, pelo jeito, o último estava meio atravessado. A não nomeação de seu irmão Doriva para a Secretaria de Educação e a frustração com uma segunda promessa não cumprida de indicação para o Sine colocaram lenha na fogueira que agora arde em praça pública (espero que não atrase ainda mais a remodelação).

Quando um quieto começa a falar

Quando um vereador com perfil de quieto começa a falar, é porque o silêncio já não resolve mais nada.

Some-se a isso o desabafo de Gordinho do Suco na sessão de segunda, que também expôs descontentamento com a condução interna do Progressistas e mandou recado direto ao prefeito: “Tem muito cacique, pouco índio”. Ele também saiu do grupo de WhatsApp do partido e postou uma foto com o ex-prefeito Marcio como capa de uma de suas contas no Facebook. em tom provocativo.

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Dois recados na mesma semana, vindos de dentro da própria trincheira. Sinal de alerta ligado.

Enquanto isso, vereadores da oposição — como Marcos Spohr, Padeiro e Juca — vão se aproximando com naturalidade do governo. Nada contra o gesto em si. Mas é preciso considerar que quem estava no palanque com Backes em 2024 e suou a camisa para elegê-lo pode estar se perguntando: “E nós? Onde ficamos nessa situação?”

Precisa ouvir mais e as pessoas certas

É hora de o prefeito Backes ouvir mais e administrar menos com base em simpatias e afinidades momentâneas.

Como dizia Ulysses Guimarães, “política é a arte de somar, multiplicar e jamais dividir”. Mas desde que começou o governo a conta do prefeito parece estar cheia de subtrações. Além do dos descontentes políticos, tem também a lista dos exonerados pela régua baixa do mandatário e o rompimento com o ex-prefeito Marcio Rauber, cuja conta ainda pode chegar.

Backes precisa entender que um bom governo não se faz só com obras. Faz-se também com relações. A boa política exige um equilíbrio fino entre gestão e articulação. É preciso dar atenção a quem vestiu a camisa desde o começo, sob o risco de se ver sozinho no vestiário na hora do próximo jogo, mesmo diante da busca por reforços.

Se continuar desse jeito, o discurso de “governo de todos” pode acabar se tornando um governo de poucos — ou de ninguém. Já virou mantra entre veteranos da política: “Quem tem base, tem tudo. Quem não tem, dança no primeiro tropeço.”

Fica a dica, prefeito. Ainda dá tempo de revisar os conceitos, baixar o salto e retomar o fio da conversa. A fila de insatisfeitos pode estar só começando a se formar.

3 Replies to “Vereador Juliano chuta o balde e expõe crise no PP e no governo Backes

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