Cerca de uma hora. Tapas na mesa. Dedo em riste. “Cala a boca” proferido em alto e bom som. Troca de acusações. Lavação de roupa suja. Foi nesse clima que se desenrolou a reunião emergencial da base do governo Backes e Sauer, realizada na manhã deste sábado (29), a uma quadra do cemitério — e teve quem garantiu que o tom foi de velório político.
Apesar da blindagem imposta por parte dos presentes, o Blog do Jadir furou o cerco e traz detalhes de um encontro classificado como:
“Em três meses cavaram a cova. Em 30 minutos, começaram a preenchê-la.”
O encontro foi conduzido pelo vice-prefeito Vanderlei Sauer e teve a presença de apenas um secretário, o anfitrião Gilmar Dattein, já que a reunião foi na casa dele, ali pertinho do cemitério. Estiveram presentes os vereadores Valdirzinho, Coronel Welyngton, Gordinho do Suco, Rafael Heinrich, Tania Maion, Carlinhos, Juliano Oliveira e Padeiro. O vereador Suko justificou ausência por questões profissionais.
O prefeito Adriano Backes participou da reunião e não ficou calado diante da tensão: segundo apuração do blog, mandou o vereador Rafael calar a boca, incomodado com as interrupções constantes. A vereadora Tania Maion também foi repreendida, tanto por interromper o debate quanto por apontar o dedo para colegas, comportamento que gerou desconforto, agravado pelo fato de ela ter levado sua assessora para a conversa, o que não caiu nada bem.
Tania também alertou os colegas para não assinar em conjunto com o vereador Fernando Nègre, requerimento solicitando visitas técnicas no Teatro Municipal e na Praça Willy Barth, “porque ele é do PT”.
Rafael Heinrich também foi confrontado. Indiretamente o responsabilizaram pela crise na Educação, devido a indicação da secretária de Educação, Maria Claudete Kozerski.
Depois do fogo cruzado, o prefeito tentou apagar os focos de incêndio, pedindo união da base, voto em consenso nas matérias de interesse do grupo, e prometendo atendimento igualitário a todos os vereadores. Disse ainda que os parlamentares devem encaminhar demandas aos secretários e, se não forem atendidos, ele próprio vai intervir.
Houve quem saiu da reunião pessimista:
“Não posso lhe dar detalhes. Mas, não foi produtiva.”
Outro resumiu:
“A situação só piorou.”
Mas também teve quem preferiu ver o copo meio cheio, dizendo que tudo foi resolvido — embora não tenha explicado como.
O vice-prefeito Sauer ficou responsável para cuidar da relação político do governo daqui pra frente. Questionado sobre a reunião, ele tentou mediar os ânimos exaltados e foi mais objetivo:
“Tensa, produtiva e necessária. Primeira de muitas.”
O grupo sobreviveu à primeira rodada, mas ninguém garante que o ringue político da base vai esfriar tão cedo. A julgar pelo roteiro, a próxima reunião pode exigir o uso de capacetes.
Enquanto isso, a gestão Backes, que mal completará três meses na segunda-feira (31), já tem uma coleção de cicatrizes: rompimento com o ex-prefeito, exonerações de secretários, trocas no setor de compras, e agora uma base que começa a implodir por dentro.
Fica a dúvida se a reunião serviu para enterrar a crise ou se foi uma exumação de um governo morto.
✓ Césare Lombroso, criminalista italiano, se vivo fosse, teria “prato cheio” para analisar e avaliar cabeças na Câmara de Vereadores de Marechal Cândido Rondon.
✓ “Tania também alertou os colegas para não assinar em conjunto com o vereador Fernando Nègre, requerimento solicitando visitas técnicas no Teatro Municipal e na Praça Willy Barth, “porque ele é do PT”.”