O governo Backes e Sauer ainda nem saiu das fraldas e já enfrenta sua primeira crise política de verdade. Na próxima segunda-feira (31), a nova gestão municipal completa apenas três meses. E nesse curto espaço de tempo já tivemos o rompimento com o ex-prefeito Marcio Rauber, exonerações no alto e no segundo escalão e agora, para fechar o combo, crise séria com vereadores da base — aliás, do próprio partido do prefeito, o Progressistas (PP).
Neste sábado (29), às 8 horas da manhã, acontecerá uma reunião, digamos que emergencial, com os vereadores aliados para tentar apagar o incêndio político que ameaça o PP e a governabilidade. O local escolhido: a casa do secretário de Governo, Gilmar Dattein — curiosamente, a uma quadra do cemitério. O endereço pode ser só geográfico, mas não falta quem diga que o objetivo é claro: enterrar a crise.
A base está inquieta, o clima é de panela de pressão. Juliano Oliveira chutou o balde após ser desrespeitado numa visita ao gabinete. Gordinho do Suco já usou a tribuna para dizer o que pensa, com direito a frases de efeito e indiretas. Outros vereadores reclamam de promessas quebradas, decisões centralizadas e influência excessiva do entorno do prefeito (três ou quatro pessoas).
“O problema não é o prefeito. É quem manda por ele”, disse um titular da base, em off.
Nem todos os vereadores foram chamados. A oposição, obviamente, ficou de fora, pois Fernando Nègre não sabia de nada, ou só fez de conta. Aquele que passou a ser chamado de “líder da minoria”, Rodrigo “Verde” Pulga, também não recebeu o zap do vice-prefeito Sauer, escalado pra convocar a turma.
Mas o detalhe curioso é que houve gente da chamada “oposição simpática” que foi chamada. Padeiro, por exemplo, deve estar lá perto do cemitério amanhã cedo.
Internamente, há quem diga que o governo está perdendo o pulso político com rapidez assustadora. O PP, que deveria ser o pilar de sustentação, virou palco de cobranças públicas, farpas e ameaças veladas, inclusive de companheiros que não ocupam cargos.
E quando o fogo vem de dentro da cozinha, não adianta culpar o vento.
A reunião é de portas fechadas. Mas, como toda panela de pressão, se não aliviar o vapor, estoura. E o barulho — ah, esse não vai ficar só na casa do secretário Dattein.