Anderson Loffi, ex-diretor executivo do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), exonerado na última sexta-feira (21), falou com exclusividade ao jornal O Presente nesta segunda-feira (24). Sua saída ocorre pouco mais de um mês após ser reconduzido ao cargo pelo prefeito Adriano Backes, após ter ocupado a função também na gestão de Marcio Rauber.

A entrevista foi bem mais incisiva do que a de Diogo Schneider (Bolha), que só buscou se justificar. Loffi não poupou críticas ao atual governo, principalmente à falta de comunicação e à maneira como decisões estão sendo tomadas pela gestão Backes e Sauer.

Segundo ele, houve situações graves em que ordens eram transmitidas diretamente para a equipe do SAAE, sem o seu conhecimento, o que considerou uma falta de respeito. “Fui colocado numa verdadeira sinuca de bico. Fiquei entre a cruz e a espada. Ordens foram dadas diretamente para a minha equipe sem passar por mim, que era o diretor executivo da autarquia”, reclamou.

Anderson relatou, ainda, episódios que demonstraram um completo isolamento em relação às decisões tomadas no Gabinete Municipal. “Houve uma reunião no Gabinete para discutir questões operacionais do SAAE e eu, diretor executivo da autarquia, não fui convidado. Soube através de um colaborador que foi chamado. É uma falha de comunicação terrível. Faltou o mínimo de respeito comigo como diretor”, criticou.

Caça às bruxas

O ponto alto das críticas foi o que Loffi chamou de “caça às bruxas”, situação que estaria ocorrendo dentro da Prefeitura desde o início da gestão Backes. “Se alguém tinha que pagar por isso, coloquei a minha cabeça a prêmio. Se eu era o problema, pedi o boné. O que eu não quero é que essa caça às bruxas continue acontecendo”, disparou.

Na entrevista ele não foi questionado para explicar o termo “caça às bruxas”, mas para o bom entendedor ficou claro de que se referia a todos aqueles que são politicamente mais próximos do ex-prefeito Marcio Rauber.

Anderson afirmou que sua decisão foi tomada de maneira isolada, sem consultar família ou colegas, motivada pelo desgaste da situação. “Acredito num Deus soberano. Estou pagando um preço para que essa situação mude, para que essa caça às bruxas cesse, e que o SAAE siga com dignidade e respeito que merece”, disse.

Corte dos FGs

Um dos principais desgastes mencionados por Loffi foi a decisão do prefeito em relação ao corte da Função Gratificada (FG) dos funcionários do SAAE, medida que teria sido determinada sem que ele fosse ouvido. “Não concordei com a forma que foi feita. Mudaram as regras do jogo durante o jogo, sem diálogo, sem chance para o contraditório”, afirmou.

Outro aspecto destacado por ele foi a maneira como sua exoneração foi conduzida. Loffi revelou que sequer foi chamado pelo prefeito para uma conversa prévia ou esclarecimentos. “Me exonerou pelo Diário Oficial. Isso é falta de respeito. Não tive o direito à conversa, nem ao contraditório. Cuidado, não é por aí que as coisas funcionam”, alertou o ex-diretor.

Cenário político

Loffi também fez questionamentos políticos contundentes. Ele citou coordenadores de campanha importantes do prefeito Backes e do vice Sauer, como Marcio Rauber, Tioni Oliveira, Rainer Seyboth, Airton Kraemer e Elizeu “Tadeu” dos Reis. “Será que o Backes conversou com essas pessoas após a eleição? Não é possível que quem ajudou a eleger o prefeito esteja sendo tratado assim”, pontuou.

Ele confirmou, ainda, que o ex-prefeito Marcio Rauber mantém firme a disposição de ser candidato a deputado estadual e reforçou que estará ao lado de Rauber. “Não sou ingrato. Sei a quem devo minha lealdade e estarei ao lado do meu amigo Marcio”, reforçou Loffi.

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