Nesta segunda-feira (04), o influente deputado do Oeste, Marcel Micheletto (PL), assumiu a presidência da Alep (Assembleia Legislativa do Paraná) no final da sessão. Isso porque, o presidente Ademar Traiano (PSD) saiu antes dos demais para evitar a imprensa e os fotógrafos, ansiosos por uma declaração do velho político sobre o caso que “explodiu” no final de semana.
Se Micheletto subiu à cadeira provisoriamente nesta segunda, já há quem arrisque que ele pode assumir o cargo em definitivo na iminência de Traiano não conseguir terminar o atual mandato.
Dia de fúria
Ontem Traiano viveu um verdadeiro “dia de fúria” durante a primeira sessão depois que o deputado Renato Freitas (PT) trouxe a público informações de um processo sigiloso e que repercutiu violentamente no final de semana, apesar da censura judicial a veículos de comunicação.
Enquanto Traiano sofria calado o pior momento de sua longa carreira política, ouvindo as verdades que vinham da tribuna, sabia que era nos bastidores que seu destino começava a ser traçado. Até sexta, a dúvida é se Traiano poderia, a depender de uma decisão do STF, buscar o sexto mandato de presidente. Agora a questão é saber se ele chegará ao fim do atual mandato.
E é justamente aí que entra Marcel Micheletto, que já foi secretário e líder do Governo Ratinho Jr e hoje é o 1º vice-presidente da Alep. Inclusive, conversas de bastidores dão conta de que o deputado já estaria se movimentando para isso.
Conselho de Ética
Muito provavelmente algum deputado levará o caso de Traiano ao Conselho de Ética da Alep, o que pode culminar na cassação do seu mandato. Clima para isso já existe.
Na sessão desta segunda-feira isso ficou claro quando deputados outrora aliados de Traiano, manifestaram-se na tribuna com críticas duras ao parlamentar. Tudo sendo transmitido pela própria TV Assembleia.
Que Renato Freitas e outros opositores falariam já era esperado, mas deputados como o outrora quieto Fábio Oliveira (Podemos), Luiz Fernando Guerra (União Brasil) e até o bolsonarista Ricardo Arruda (PL) foram duros com o presidente.
“Esconderam da população algo que poderia ter mudado o resultado das eleições de 2022”, disse Fábio Oliveira.
Entenda o caso
Ademar Traiano é presidente da Alep desde 2015. Ele foi reeleito para o último mandato no início deste ano.
Na sessão do dia 9 de outubro, o deputado Renato Freitas (PT), durante um bate-boca, chamou Traiano de corrupto. A declaração levou o presidente a pedir a abertura de um processo contra Renato Freitas por quebra de decoro parlamentar, que pode levar à cassação do deputado.
Durante o processo, Renato disse que iria apresentar provas que Traiano de fato é corrupto. E isso aconteceu na sexta-feira (1), quando anexou à sua defesa parte de um processo contra Traiano que corre em segredo de justiça.
Quando as provas vazaram para a imprensa, Traiano recorreu ao Judiciário e conseguiu uma liminar para calar os jornais que havia divulgado as informações, entre eles a RPC (afiliada da Rede Globo) e os portais G1 e Plural.
As informações veiculadas foram sobre a delação premiada do empresário Vicente Malucelli que trata do pedido de propina do presidente da Assembleia num esquema para renovação do contrato dos serviços da TV Assembleia.
Mesmo com a censura judicial, condenada por entidades e políticos, ocorreu o que se chama de Efeito Streisand, quando algo que tenta ser encoberto acaba chamando ainda mais atenção para o assunto.
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