Nesta semana o Brasil completa 30 anos da retomada do voto direto para presidente da República. O direito de livre escolha da população foi restabelecido depois de 21 anos de ditadura militar (1964-1985) e de um governo civil eleito indiretamente, o que impulsionou a redemocratização.

Em 15 de novembro de 1989, o então governador de Alagoas, Fernando Collor de Mello, filiado ao PRN, foi eleito diretamente pelos brasileiros para governar o país. Em um corrida com 22 candidatos, venceu, no segundo turno, Luiz Inácio Lula da Silva, líder do PT, em extrema polarização política.

Collor encarnava a renovação. Mas, três anos depois, renunciou ao mandato e um processo de impeachment no Senado suspendeu seus direitos políticos.

Hoje, após três décadas, essa jovem democracia enfrenta o desafio de se manter viva. Em 2018 Jair Bolsonaro conquistou a Presidência empunhando bandeiras semelhantes às de Collor, em 1989. Tanto em 1989 quanto em 2018 o cenário era propício para a ascensão de alguém de fora do sistema, que representasse o novo, tolerável para o sistema produtivo e com agenda voltada para a modernização econômica.

O capitão reformado se apresentou com as promessas de combate à corrupção e de renovação política. Foi eleito da mesma forma que Collor, em meio a uma forte polarização política, crise econômica e vencendo, também, em segundo turno, um petista, Fernando Haddad.

A torcida é para que as semelhanças parem por aí e que Jair Bolsonaro consiga terminar o seu governo cumprindo os compromissos assumidos em campanha. Mas, para que isso aconteça, precisa deixar de ser igual a Collor em outro aspecto: a falta de interesse em construir uma base sólida de sustentação no parlamento. Collor também tinha um discurso de fazer e acontecer, como se não precisasse das instituições.

Com informações do Correio Braziliense.

 

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