Sem sigilo de justiça sobre o processo desencadeado a partir da Operação Pula Pula, um vasto acervo de documentos que integram os autos da ação criminal contra o vereador Nilson Hachmann e outras cinco pessoas começa a ser revelado.
Entre muitas conversas interceptadas pelo Gaeco está uma que dá a entender que o prefeito Marcio Rauber interferiu pessoalmente junto aos demais vereadores da base governista para tentar “salvar” Nilson da ação disciplinar que responde na Câmara e que pode levar à cassação do seu mandato na noite desta quinta-feira (29).
Às páginas 266 e 267, no relatório feito pelo Gaeco sobre a análise dos conteúdos de conversas de WhatsApp no aparelho celular de Nilson Hachmann, consta um diálogo do vereador no dia 1º de abril de 2019.
Na conversa, Nilson diz que está na prefeitura numa reunião com o prefeito e indica que mandatário intercedeu por ele junto aos demais vereadores para que o recebimento da ação disciplinar não seja aprovado na Câmara.
Diz trecho do diálogo:
“Estamos em reunião com o prefeito
Hj a noite vai votar o pedido de minha CPI
Acho que vamos derubar o pedido
Prefeito quer que os vereadores façam isso”.
Nilson chega a tirar uma foto e envia para mostrar que está reunido com o prefeito e outros vereadores.
A votação sobre o recebimento da ação disciplinar contra Nilson acabou acontecendo apenas na semana seguinte, no dia 8 de abril. O resultado apontou 7 votos a favor da ação e 6 contrários. Os votos contrários foram justamente dos vereadores que integravam a base do prefeito à época.
Contudo, naquela oportunidade, ainda não tinha ocorrido a Operação Pula Pula do Gaeco, que culminou na prisão de Nilson e posteriormente na decisão judicial que o mantém temporariamente afastado da função pública.
Em pronunciamento da tribuna da Câmara na última segunda-feira (26), o vereador Josoé Pedralli, que denunciou Nilson no Legislativo, manifestou receio que o prefeito possa interferir na votação marcada para esta quinta-feira (29), quando será julgada a ação disciplinar.
Disse Pedralli: “Vou pedir e implorar ao prefeito municipal para que não pressione os vereadores da base. (…) Porque eu trabalhei com vossa excelência aqui na Câmara e sei o quanto o senhor lutou no combate à corrupção. Fica o meu pedido, prefeito Marcio. Desta vez não se envolva, por favor”.