Se tem um responsável pela aprovação da reforma da Previdência este chama-se Rodrigo Maia. Enquanto outros posam para fotos se vangloriando da aprovação no primeiro turno da Câmara Federal, foi graças ao trabalho de articulação de Rodrigo Maia que o projeto foi aprovado.
Alguns bolsonaristas mais fanáticos dirão que era responsabilidade de Rodrigo Maia aprovar a Reforma.
Não. Responsabilidade dele era colocar a matéria em pauta para ser votada e cada um dos 513 deputados votar. Se assim fosse, muito provavelmente a reforma não teria sido aprovada. Era necessário muito trabalho de articulação e convencimento. E o resultado do trabalho assumido por Maia foi visto no plenário. Até votos de oposicionistas ele arrebanhou.
E isso não é um, nem dois que o dizem. Até mesmo as esquerdas o admitem. Aliás, esquerdas que impressionam pela alienação e confundem resistência com irrelevância. Na reforma da Previdência sofreram uma derrota em plenário proporcionalmente superior àquela que experimentaram nas urnas em 2018.
Mas, se olharmos à fundo, não foram as esquerdas as derrotadas na votação da Reforma. O maior derrotado foi o próprio Governo, que não teve a capacidade de articulação política para garantir os votos necessários para a aprovação.
Precisa ser reconhecido, sim, o esforço do ministro Paulo Guedes em propor um texto ousado, focado no longo prazo. Mas só isso não garante a Reforma da Previdência. É preciso trabalho para convencer quem vota para aprovar a matéria.
Esta, sem dúvida, foi uma vitória de Rodrigo Maia. Ele mostrou que pode reunir três quintos da Câmara. Mas, é importante que o Governo lembre que da mesma forma ele também pode impedir o Planalto de reunir os três quintos, esquecendo até mesmo das esquerdas. E o mandato está apenas começando.